Por Brunella Nunes para o Razões para Acreditar
A gente sabe que o Facebook passou por maus bocados nos últimos tempos e o número de pessoas desativando seus perfis se tornou uma constante. Igualmente insatisfeitos, os brasileiros Matheus Finardi e André Medeiros resolveram eles mesmos criarem a Cooltz, uma rede social segura, humanizada e engajada.
Com as notícias alertando sobre o aumento da depressão em função das redes sociais, Matheus, que estuda medicina na USP, começou a questionar os motivos dessa epidemia moderna. “As redes sociais e a internet têm um potencial de aproximar e conectar pessoas como nenhum outro meio na história, mas o resultado está sendo o oposto: mais insegurança, isolamento e alienação”, disse. Junto com o André, que é programador e ex-aluno da USP, deu início ao projeto.
O intuito é reunir grupos de pessoas com os mesmos interesses para que haja interação e debates saudáveis dentro de temas específicos, funcionando como uma ponte do mundo virtual para ações no meio offline. Segundo os paulistanos por trás da ideia, existe uma preocupação em proteger também a saúde mental e o tempo do usuário.
Além disso, dispensa a quantidade massante de anúncios e o estímulo de consumo. A renda para manter o funcionamento da ferramenta seria por meio de assinaturas premium a um preço justo, ainda a ser definido, que desejarem usar todas as funcionalidades. Adicionalmente, o site se compromete a jamais armazenar mais dados do que os necessários para funcionamento adequado da plataforma e nunca compartilhar dados com terceiros sem o consentimento de cada pessoa cadastrada.
Por meio da plataforma, a Cooltz visa promover valores positivos como esporte, cultura, ativismo e arte. O feed será dividido por assunto, assim a pessoa pode acompanhar exatamente o que está a fim de ler no dia e se aprofundar. Outra novidade é a substituição do like por formas mais inteligentes de interação, como avaliações ou comentários.
Mas, antes de virar realidade, é preciso de investimento. A dupla abriu um financiamento coletivo no site do projeto para arrecadar 35 mil reais, que serão usados para contratar programadores e lançar o produto daqui a alguns meses. A primeira meta de doação é de R$ 20.000,00 e 44 entusiastas já doaram R$ 7.132,00. Uma contrapartida bem bacana é que 10% de cada doação serão destinados a entidades filantrópicas, como Artemis, Instituto ADUS, Casa Um e Sonhar Acordado.
O Razões para Acreditar entrevistou a dupla para tirar algumas dúvidas sobre o funcionamento da Cooltz. Olha só o que eles têm a dizer:
– Na opinião de vocês, qual é o pior erro que uma rede social poderia cometer com seus usuários e como fazer com que ele não se repita?
O pior erro que uma rede social pode cometer é promover alienação ao invés de integração. Pode parecer paradoxal criticarmos as redes sociais ao mesmo tempo que queremos criar uma nova, mas a realidade é que acreditamos no potencial das redes sociais de aproximar as pessoas de si e dos outros, então queremos fazer direito dessa vez: combatendo a superficialidade e toxicidade ao promover interações mais humanas sob temas relevantes. Uma exemplo prático é nossa ideia permitir que você escolha seus melhores amigos e veja as postagens deles reunidas. Ou seja: foco no que importa, de quem importa.
– Matheus, você cursa medicina na USP e teve uma preocupação que também é parte da área médica: o aumento da depressão/ansiedade atrelado às redes sociais. Isso também chegou até você? Notou uma diferença no seu próprio bem-estar por conta das redes ou dos recursos tecnológicos em excesso?
Sim! Desde que apaguei os aplicativos de redes sociais fiquei mais concentrado, menos ansioso e sem a sensação de “perder” tempo. Ao me desconectar do black mirror das telas, fiquei com mais tempo para ler, ir ao cinema, fazer esporte ou sair com amigos na vida real. Foi a partir dessa percepção que comecei a pensar em criar uma rede social que incentivasse e ajudasse as pessoas a se envolverem mais com cultura, arte, ativismo, esporte, etc. Além disso vamos promover interações mais profundas.
– Qual está sendo a parte mais difícil nesse processo de montar uma rede social?
Nosso maior desafio está sendo dosar privacidade & compartilhamento ou diversidade de conteúdo e foco. Outro desafio é fazer um crowdfunding sem usar as grandes plataformas, o que por um lado diminui a visibilidade, mas por outro permite que destinemos 10% de cada doação para entidades filantrópicas. Como acreditamos no projeto de uma internet mais segura e humana, nos mantemos trabalhando e acreditando em nossa proposta.
– Vocês vão apostar num serviço premium para viabilizar lucro ao invés de publicidade e venda de dados. O que levaria uma pessoa a assiná-lo e quais são as funcionalidades a mais das quais teria acesso?
Garantimos qualidade, privacidade e segurança para todos os usuários, independentemente de pagar ou não. Ainda estamos debatendo com potenciais usuários sobre quais funcionalidades serão gratuitas e por quais será cobrado um valor justo, mas já decidimos que não custará nada nem para criar sua conta em COOLTZ nem para compartilhar em suas paixões favoritas.
– Vocês acreditam que a ideia de uma rede social, além de conectar pessoas, é também engajá-las. Como estimular um debate saudável entre tantas paixões? (políticas, esportivas, musicais, etc)
Acreditamos que, com comentários ou avaliações (interações não-binárias) ao invés de “likes” (interação binária), aprofundam-se as interações. Com a imersão em determinado tema, aumenta-se o conhecimento. Um bom debate passa a ser a consequência inevitável da interação profunda entre dois conhecimentos significativos. E para ajudar as pessoas a se engajar em seus conhecimentos, teremos recomendações livros pra ler sozinho, filmes para ver a dois ou músicas para ouvir com a galera, por exemplo. Para os amantes de fotografia, ofereceremos a possibilidade de citar o fotógrafo ou a câmera utilizada. Cada “paixão/feed/seção” vai ser desenhada para a interação mais verossímil possível.
– A filantropia é um viés interessante da proposta da Cooltz, até porque descentraliza o lucro. Mas estamos passando por um momento delicado, de profunda desconfiança. Pretendem se comprometer a abrir as contas para que o repasse de 10% da verba seja, de fato, visto? Como vão lidar com essa questão?
Sim! Pretendemos repassar 10% do lucro líquido para entidades filantrópicas e faremos o que for necessário para garantir a transparência desse repasse. E, obviamente, não vamos repassar para fundações no nome de nossos parentes…
– Como vou saber que meus dados estão seguros e que minha privacidade é garantida?
Nosso código-fonte será aberto para que qualquer pessoa possa nos alertar em caso de risco à segurança e entender as engrenagens de utilização dos dados pessoais– que continuam criptografados e longe dos olhos de todos. As integrações com outros aplicativos também serão rigorosamente avaliadas e os termos de uso terão uma versão simplificada para os 99,9% das pessoas que não têm pós-doutorado em direito digital. Sua privacidade será controlada por você, a cada postagem, quando definir se uma postagem será vista por qualquer um ou só pelos seus parentes ou só pelos colegas de trabalho/faculdade.
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