Em entrevista à revista ELA, a atriz Bruna Marquezine, de 25 anos, falou sobre um tema cada vez mais necessário e urgente, a depressão. Ela diz lamentar a resistência que muitas pessoas ainda tem para falar sobre o assunto.
“Minha primeira terapeuta me disse uma coisa que me marcou muito. Ela observou que a depressão é uma porta numa parede que, até então, você via completamente branca. Era uma parede, sem nada. Uma vez que você identifica que está com um quadro depressivo, você começa enxergar essa porta, você pode até sair desse lugar, mas você nunca mais vai ver a parede totalmente branca. Sempre vai ver a porta lá. No primeiro momento, isso me destruiu! Poxa, eu preferia ver a parede branca pelo resto da vida!”, contou Bruna.
Algum tempo depois, uma conversa com uma colega de profissão a fez ver a qestão de outro modo:
“Após muitas sessões de terapia, de trocar de profissional, de crescimento, de aprender e viver, eu mudei a minha opinião. Hoje, não penso mais assim. Acho bom ver a porta. Outro dia, conversei muito com a roterista Natália Klein. Falamos de como tudo é para ontem, como a gente vive num estado de ansiedade, tudo é para agora. Se você não fez, já foi, já perdeu! Sempre é um desespero. Nas artes, então… existe uma cobrança de se superar, trazer algo novo, fazer melhor! E a gente já não aprecia as coisas, tudo fica frio. Contei para ela sobre a teoria da minha terapeuta e de quanto fiquei mal com ela na época. A Natália fez uma analogia ótima. Disse que saber que tem depressão é como você entrar num lugar, ver uma barata e ela sumir! Tem gente que não liga se ela desapareceu. Eu prefiro ter a barata no meu campo de visão do que não saber onde ela está! É melhor saber o que você pode fazer a respeito, do que você ignorar e viver apreensivo porque a qualquer hora pode ser pego de surpresa”.
Segundo a atriz, é “mais saudável você identificar e aceitar que existe esse problema para saber lidar com ele”. “Saber quando você está flertando com ele. Eu cresci diante dos olhos do público, isso me fez criar uma consciência muito grande sobre o olhar do outro. Estou sempre atenta ao olhar do outro, além da minha observação que é extremamente crítica. Eu brinco quando digo que não tem hater meu que consiga competir comigo mesma! Eu sou pior! Tenho uma consciência muito grande do olhar do outro. O que pode estar passando pela cabeça do outro, o que o outro está vendo, o que o outro está interpretando… isso tudo é um peso, que te gera uma ansiedade… Já tenho essa tendência de flertar com lugar que é obscuro. Se não tenho a consciência de onde ele começa, quais são os limites, quando estou flertando demais com esse lugar, não tenho como prevenir isso, que é o mais importante. Esse é um assunto que está sempre em pauta na minha terapia. Essa insegurança, essa ansiedade alcança todas as áreas da sua vida. Eu falo sobre isso porque vejo que é algo comum, que o mundo está vivendo, mas que estamos começando a ter coragem de falar isso agora. Muitos ainda têm vergonha. Eu comecei a trabalhar numa época na qual me ensinaram que o certo era construir uma imagem perfeita. Por muito tempo, eu ouvi isso. E eu via isso.”
Para Bruna, ajuda “muito mais quando falo sobre esses assuntos do que quando estou de bonita no meu Instagram”. “Eu adoro quando vejo as pessoas que eu admiro falando sobre as suas dores, suas vulnerabilidades… E quando você se identifica, quando você se fortalece porque vê que o outro passa pela mesma coisa… Quando falei sobre depressão, algumas pessoas me olharam como quem diz para não falar sobre aquilo, para guardar para mim. Eu entendo que era numa movimentação de me proteger, mas me proteger do quê? Se o maior problema era a depressão e não o olhar do outro diante do que estava enfrentando ou tinha enfrentado. Esse é um assunto constante nas minhas sessões.”
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de O Globo.
Foto: Reprodução/Instagram.
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