Em muitos casos que venho atendendo na clínica, analisei que grande parte dos problemas enfrentados por esses pacientes são decorrentes de violências verbais, o famoso bullying, sofrido quando crianças/adolescentes, ou seja, fazem parte da história de contingências da pessoa.
Mais do que só piadas e brincadeiras de mal gosto, o bullying causa prejuízos funcionais, cognitivos e sociais, ansiedade, insatisfação, baixa autoestima/autoconfiança, isolamento social e até mesmo pessoas agressivas. Os principais transtornos encontrados frente a isso são transtorno de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e fobia social.
É claro que quem apresenta esses déficits não precisa ter sofrido bullying; assim como o professor Hélio, em seu texto algumas considerações sobre os “traumas” como geradores de dificuldades comportamentais, emocionais e afetivas considera um equívoco considerar apenas eventos traumáticos como causadores de dificuldades comportamentais, pois muitas pessoas passaram por contingências aversivas e não tiveram nenhum prejuízo em relação a isso.
Então o problema estaria no repertório do indivíduo, na resiliência, na capacidade da resolução desses conflitos e na combinação desses eventos traumáticos com outros eventos da história da pessoa. Assim, a pessoa pode ter passado situações que evocaram sentimentos semelhantes sentidos quando sofria o bullying e que fizeram-no generalizar a situação, recebido pouco reforço positivo, exposto a muitas punições, frustrações, problemas familiares e desde quando crianças já podiam ser consideradas pessoas inassertivas.
De acordo com Guilhardi (2013), esses sentimentos de autoestima precisam ser instalados e , para persistirem ao longo do tempo, precisam ser consequenciados por contingências de reforçamento atuais, pois, se não tiver nenhuma contingência aversiva na história atual, se enfraquecerão.
Assim, a psicoterapia é muito importante para entender como essas patologias ou dificuldades comportamentais surgiram, como persistem até hoje, ter uma reestruturação cognitiva e instalar novos comportamentos funcionais.
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