A semaglutida, medicamento que foi desenvolvido para controlar a diabetes tipo 2, pode ser também um aliado no tratamento da obesidade e para redução de peso, segundo especialistas. A substância foi aprovada em junho nos Estados Unidos, mas, no Brasil, é usada com o aval médico, mas fora da indicação prevista em bula.
A substância, que é aplicada com a ajuda de uma “caneta”, é um análogo ao GLP-1, hormônio que temos no intestino: sempre que uma pessoa se alimenta, ele sinaliza para o cérebro que é o momento de reduzir a fome, retardar o esvaziamento do estômago e aumentar a produção de insulina, que promove a absorção da glicose nas células.
João Eduardo Salles, endocrinologista e coordenador da Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, explicou ao g1 que “O nosso hormônio dura 10 minutos, já a semaglutida dura uma semana. Aquela sensação de ‘comi e perdi a minha fome’ é dada pelo GLP-1 e a semaglutida é um medicamento que imita essa ação. O paciente tem a sensação de que está sem fome. E, se ele come, para de comer porque o estômago enche rápido”.
Por enquanto, o uso do medicamento no Brasil é feito por pacientes obesos, com Índice de Massa Corporal acima de 30, e, como é previsto em bula, para tratar a diabetes tipo 2. Uma mulher de 30 anos com uma altura de 1,65 metro e 85 quilos, por exemplo, já se enquadraria de acordo com o critério, mas seria necessária uma avaliação médica para observar qualquer impedimento ou, ainda, uma solução mais adequada.
De acordo com Salles, o tratamento poderá ser aplicado a pessoas com sobrepeso se ela já estiver com efeitos negativos na saúde, como apneia do sono, mudança da pressão arterial, entre outros, incluindo a própria diabetes.
O uso da semaglutida, entretanto, pode trazer efeitos colaterais no sistema gastrointestinal, dentre os quias o pricipalé a náusea. Há, ainda, segundo a FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, chance de:
- Diarreia
- Vômito
- Prisão de ventre
- Dor abdominal
- Dor de cabeça
- Fadiga
- Dispepsia (indigestão)
- Tontura
- Distensão abdominal
- Eructação (arroto)
- Hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue) em pacientes com diabetes tipo 2
- Flatulência (acúmulo de gases)
- Gastroenterite (uma infecção intestinal)
- Doença do refluxo gastresofágico (um tipo de distúrbio digestivo)
De acordo com os especialistas, o estudo mais importante sobre o assunto foi publicado na revista britânica “The New England Journal of Medicine”, em março desse ano. Os pesquisadores prescreveram 2,4 mg por semana para um grupo e, para o outro, o placebo. A partir de 4 semanas, os pacientes que estavam recebendo o tratamento começaram a perder peso. A redução média foi de 15% do peso corporal ao final do ensaio.
“Este estudo é muito bonito, muito bem feito. Ele mostra uma perda de peso fantástica. É uma promessa para o tratamento da obesidade muito importante. É o principal medicamento que a gente pode ter nos próximos tempos”, disse Salles.
Segundo a Anvisa, a empresa NovoNordisk já entrou com o pedido de registro para a semaglutida no Brasil, no entanto ainda não há uma previsão para uma possível aprovação ou não do medicamento. Atualmente, o produto é registrado para o tratamento da diabetes tipo 2, mas a farmacêutica optou por pedir um novo registro no lugar de uma atualização em bula.
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de g1.
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