Todos nós, seres humanos, necessitamos de reconhecimento, seja em forma de recompensas ou prêmios. Não há dúvida de que os enaltecimentos dos outros são importantes para nossa autoestima, desde que venham do coração e sem exigências.
Os elogios não acrescentam nada quando são apenas para nos afagar, a fim de nutrir a nossa carência em ganhar “aplausos”. Esses aplausos, muitas vezes, não são autênticos, mas uma troca de favores, que depois serão cobrados.
O problema maior é sempre que isso se torna essencial para vida. Por esse motivo, que nas redes sociais há uma carência emocional de reconhecimento, na qual se criou uma onda virtual de persuasão dos demais, por adultos que exibem uma apatia egocêntrica na busca de curtidas e comentários, que elevem a auto-confiança perdida.
O desejo de aprovação na internet e na relação espaço-temporal onde se dá a nossa vivência, transformou-se em uma busca deletéria de auto-afirmação do status quo, que necessita ser reconhecido na sociedade. Para essas pessoas é deslumbrante receber aplausos ou “estar debaixo dos holofotes” pelos seus feitos, sobre-valorizando o ter em detrimento do ser.
A compra e a venda do reconhecimento estão disponíveis no mercado, contudo temos a escolha de não entrar no desatino mediático da fama a qualquer custo, tampouco nos flashes sedutores dos colunistas sociais e no frenesi das redes sociais, para viver em função de uma notoriedade transitória.
A efemeridade dessas coisas tem um alto custo financeiro e emocional: a imersão no álcool e nas drogas ou gastos com antidepressivos. Buda nos alertou sobre isso: “Um homem será tolo se alimentar desejos pelos privilégios, promoção, lucros ou pela honra, pois tais desejos nunca trazem felicidade, pelo contrário, apenas trazem sofrimentos. ”
O psicanalista Erich Fromm constatou: “O homem moderno entra em um conflito ao se perceber escravo daquilo que criara e ao perceber que apesar de seus conhecimentos a respeito da matéria, ignora as questões fundamentais da existência. E o homem quando se torna incapaz de fazer alguma afirmação com validade objetiva, torna-se presa de sistemas irracionais de valores: exigências do Estado, líderes poderosos e sucesso material”.
Por outro lado, o autor aponta que o humanismo nos permite valorizar o ser humano acima de tudo, através da generosidade, da compaixão e do reconhecimento, para que todos possam viver como iguais e únicos na sua subjetividade, onde as instituições funcionem no sentido de garantir o desenvolvimento da autoestima coletiva.
Sendo assim, podemos lutar para que o reconhecimento ocorra na lógica do afeto e da solidariedade, que são possíveis em uma sociedade democrática marcada pelo pluralismo e respeito aos direitos humanos. Enfim, ao nos associar com o fenômeno da diversidade humana, estamos construindo critérios de convivência livre do espírito do individualismo egocêntrico burguês e das desigualdades desumanizantes.
Imagem de capa: Shutterstock/Bimbim
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