A edição desta quarta-feira, 11, da revista britânica Psychological Medicine trouxe um novidade que vêm causando barulho na comunidade científica: O tabagismo pode ter ligação com o desenvolvimento de doenças como depressão e esquizofrenia. A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido. Embora o hábito de fumar seja recorrente entre pessoas com problemas da ordem mental, pontuam os pesquisadores, foi identificada pela primeira vez uma relação de causa e efeito.
Para o estudo, foram analisados os dados de 462.690 pessoas de origem europeia com base no banco de dados britânico Biobank, que compilou as informações de meio milhão de pessoas no Reino Unido entre 2006 e 2010, dos quais 8% eram fumantes e 22% ex-tabagistas. A avaliação se utilizou de um método batizado de randomização mendeliana, que leva em conta variações genéticas para traçar efeitos causais. Ele também permite reduzir o leque de fatores que podem influenciar no tabagismo.
Ainda foram encontradas evidências de que depressão e esquizofrenia também aumentam a probabilidade de um indivíduo começar a fumar. Os cientistas de Bristol pontuam que um outro estudo, conduzido pela Universidade de Amsterdam em parceria com o British Journal of Psychiatry, já havia apontado para o aumento da incidência de bipolaridade entre fumantes.
O artigo ressalta que ainda há elementos a serem investigados na relação entre o tabaco e doenças mentais, e pondera que um dos caminhos promissores pode ser a elucidação do papel da nicotina e outros componentes do cigarro no desenvolvimento desses males. Os autores afirmam que esse detalhe é crucial, especialmente no contexto do aumento do uso de cigarros eletrônicos.
Robyn Wootton, pesquisadora sênior da Escola de Ciências Psicológicas de Bristol que liderou os trabalhos, explicou que pessoas que sofrem de problemas envolvendo a saúde mental são usualmente deixadas em segundo plano no combate ao tabagismo, o que abre margem para a desigualdade no tratamento de saúde.
Em 2016, o governo britânico publicou uma recomendação às instituições psiquiátricas para que o cigarro fosse abolido em suas dependências até 2018. Para Wootton, a descoberta reforça a necessidade de implantação ainda mais ampla dessa política.
Marcus Munafò, professor de biologia psiquiátrica que também assina o estudo, afirma que os dados destacam algo importante para a Ciência: o fato de as pesquisas genéticas poderem ser tão reveladoras quanto as influências do ambiente social. Fator importante para pesquisas em torno do tabagismo, mas também do consumo do álcool.
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de O Globo.
Foto destacada: Ana Branco / Agência O Globo.
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