Por Cristine Boaz
A segunda gravidez já não é mais tão carregada de ansiedades e dúvidas quanto à primeira, quando tudo é novidade. Porém, o que é novo agora é o fato de ter de dar a notícia ao filho mais velho. Afinal, ele como membro da família, é uma das primeiras pessoas que deve ficar sabendo. Mas surgem as questões: como contar? Será que ele ficará com ciúme? Triste? Ou vai gostar? O fato é que a novidade deve chegar à criança e que seja através dos pais, para que a sua confiança neles não seja abalada.
A forma de contar deve ser feita com uma entonação de notícia boa e de acordo com a maturidade e a linguagem infantis, ou seja, conforme a faixa etária da criança. Em geral, o primogênito tem de 2 a 5 anos, quando o seu mundo de magias está em alta! A gravidez é um acontecimento mágico, por isso, a minha sugestão é que se diga à criança que algo mágico aconteceu. Um exemplo que gosto muito e já vi funcionar muito bem é contar uma história adaptada a uma que a criança goste: “Sabes o que aconteceu hoje? Eu tive um sonho mágico! Sonhei que eu estava em um baile, como o da Cinderella! Eu era a princesa, e o teu pai, o príncipe! E tu também estavas lá dançando, bem feliz! Eu e o teu pai estávamos dançando e, de repente, minha barriga fez “pluft”! Era um bebezinho que tinha aparecido dentro dela! E, quando eu acordei, vi que era verdade! Tinha um bebezinho dentro dela!” As crianças costumam entrar neste mundo de fantasias, sentem-se valorizadas por terem sido incluídas no sonho e pedem para que a história seja contada novamente diversas vezes! Conte a notícia como sendo muito boa, sem se preocupar com ciúmes ou outros medos, eles reagem conforme a nossa forma de lidar com a situação.
Se a criança já souber que um irmãozinho vem sendo planejado, desde este momento, deve-se mostrá-la que o irmão mais novo irá acrescentar à família, e não, tirar o lugar do mais velho. Pode-se dizer que ele vai ajudar os pais a ensinar o pequeno tudo o que já sabe, que o irmãozinho vai gostar de brincar com o mano mais velho, que também é criança e lhe fará companhia. É importante realçar as habilidades que o mais velho já adquiriu, enquanto que o mais novo vai ter muito a aprender!
Quanto ao sentimento de ciúme, geralmente temido pelos adultos, é natural, porém, não como sendo o principal. Se os pais se prendem no ciúme da criança, já tendem a contar a novidade com culpa e a criança captará, acreditará que o seu ciúme tem fundamento. O primogênito precisa sentir que a atenção que os pais lhe dão continuará, mas de forma diferente, por exemplo: se a mãe vai ficar um tempo maior com o pequeno, o pai pode fazer programas diferentes com o maior. O importante é que os pais dêem atenção aos dois filhos, de acordo com as demandas de suas fases.
Cristine Boaz
Psicóloga – CRP: 07/16606
Mestre em Psicologia Clínica
Especialista em Psicoterapia Psicanalítica
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Cel.: (51) 9907.0856