Por Dr. Bruno Valdigem
A síndrome do pânico é causa de internações muito frequente no mundo todo, bem como indicação de exames desnecessários, quer por falta do diagnóstico pelo médico ou por demanda do próprio paciente. Alguns dos sintomas podem ser referidos como taquicardia, desmaios, sensação de quase desmaio, dor no peito e outros não relacionados ao coração, como dores de cabeça, dispneia subjetiva, sudorese, tremores e dores abdominais.
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A arritmia cardíaca não é por si mesma causadora de outras manifestações do humor
A crise de pânico geralmente tem duração de dez a vinte minutos, sendo que o componente principal é o medo. A agorafobia tem um componente importante nesse quadro. E a arritmia? Arritmias cardíacas são qualquer variação do ritmo cardíaco (seja na irregularidade, seja na “velocidade” ou frequência, medida em batimentos por minuto). Frequências acima de 100 ou abaixo de 60 batimentos por minuto, sem justificativa para tal, são chamadas arritmia.
Os sintomas são geralmente desmaios, palpitações, tonturas ou episódios mais graves, como apresentando parada cardíaca ou morte. As arritmias cardíacas geralmente nascem de alguma variação na parte elétrica do coração, que pode ser observada por eletrocardiograma, holter ou ecocardiograma.
Algumas arritmias são ainda paroxísticas – ou seja, aparecem e desaparecem, muitas vezes não deixando traços nos exames feitos em momentos em que o paciente está bem. Nessas situações, é difícil fazer o diagnóstico e diferenciar pânico de arritmia.
A arritmia cardíaca não é por si mesma causadora de outras manifestações do humor, ainda que toda doença crônica tenha alguma participação de alteração psicológica em maior ou menor grau. Uma diferenciação, segundo o psiquiatra Stephen Sobel, de San Diego, afirma que pessoas com pânico sentem… Pânico. Uma sensação de irrealidade ou de que estão enlouquecendo. Isso não ocorre em pacientes com arritmias cardíacas somente.
A frequência cardíaca durante ataques pode fornecer mais pistas. Por exemplo, frequências acima da máxima esperada para a idade sugerem arritmias (a frequência máxima para a idade pode ser calculada pela formula 220 menos a idade).
O diagnóstico de pânico, quando em dúvida, deve ser considerado diagnóstico de exclusão, ou seja, em último caso. Uma investigação clínica coerente passa por exames como eletrocardiograma, holter e ecocardiograma. Alguns casos podem pedir exames mais específicos, como monitor de eventos (aparelho que registra o eletrocardiograma, permitindo maior período de observação) por 15 dias ou ate três anos (quando implantado debaixo da pele). Alguns pacientes podem ser submetidos a estudo eletrofisiológico invasivo para avaliação mais rápida e definitiva da presença de arritmias.
Imagem de capa: Shutterstock/pathdoc
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