Você pode mudar de ideia antes de tomar sua bebidinha no fim do dia caso seu objetivo seja uma sólida noite de sono. Vinho, cerveja, licor… todas essas bebidas podem ajudá-lo a adormecer mais rápido (ou “encurtar a latência do sono”, para usar um termo mais técnico), mas especialistas concordam que, se você bebe antes de ir para a cama, é mais provável que acorde durante a noite e durma menos profundamente.
Se você bebe pouco antes da hora de dormir, tanto a qualidade como a quantidade do sono — e sua capacidade intelectual no dia seguinte — serão prejudicadas.
“O álcool atrapalha os ciclos do sono, fazendo com que você desperte mais vezes e passe menos tempo nos importantes estágios de sono profundo”, diz o médico Rajkumar Dasgupta, professor assistente da Escola de Medicina Keck da Universidade do Sul da Califórnia e porta-voz da Academia Americana de Medicina do Sono.
Isto significa que, mesmo se você cair no sono rapidamente, pagará o preço mais tarde à noite (sem falar na manhã seguinte).
Passamos pelos vários estágios do sono a cada 90 minutos mais ou menos e tendemos a dormir mais profundamente na segunda parte da noite, quando os efeitos do álcool realmente entram em cena, diz Dasgupta. Precisamos passar mais tempo nesses estágios mais avançados para que o sono seja restaurador. Além disso, o sono profundo é crucial para a cognição e a memória.
O álcool é um depressor do sistema nervoso central, segundo a médica Patricia Carter, professora associada da Escola de Enfermagem de Austin da Universidade do Texas e integrante do comitê da Sociedade de Pesquisa do Sono.
“Quando alguém toma uma bebida alcóolica, acaba se sentindo ‘mais calmo’ e mais relaxado porque isso impacta diretamente o sistema que está causando a ansiedade ou a sensação de ‘estresse'”, diz Carter. Em outras palavras, a bebida alcóolica ajuda a adormecer —, mas não garante uma noite de repouso.
Depois de um curto período — cerca de duas horas, dependendo do metabolismo —, o corpo começa a tentar eliminar o álcool, que é visto como uma toxina, diz Carter. Este processo é conseguido retirando água das células e expulsando a toxina por meio dos rins e da bexiga (por isso você tem de levantar e urinar tão frequentemente).
Além disso, o álcool inibe o hormônio antidiurético no organismo, o que contribui para mais idas ao banheiro, segundo Dasgupta. E, quando você vai muito ao banheiro, está perdendo eletrólitos essenciais.
Todos esses fatores podem se somar a uma terrível noite de sono leve e com frequentes interrupções, e você se sentirá exausto e desidratado pela manhã. Mas não precisa ser assim!
1. Espere de três a quatro horas depois de beber para mergulhar nos lençóis. Se você pretende ir para a cama às 22h, certifique-se de terminar a taça de vinho às 7h. (O corpo leva aproximadamente três horas para metabolizar cerca de 240 ml de vinho, diz Dasgupta.) Mas o tempo exato pode variar dependendo do tamanho, gênero e ingestão de álcool. A bebida alcóolica tende a afetar as mulheres de forma mais aguda, diz Carter, que sugere uma janela de quatro horas tanto para mulheres quanto para homens.
2. Use a regra “dois para um” . Inebrie-se com dois copos de água para cada bebida alcóolica. Isso ajudará seu sistema a eliminar o álcool, diz Carter. (Beba ainda mais água se estiver ingerindo vinho ou uma bebida açucarada, já que seu corpo precisará eliminar o álcool e o açúcar.)
3. Pule a cava. As bolhas podem causar inchaço e gás, que distendem o estômago, proporcionando mais área de superfície para o álcool ser absorvido (e atrapalhar seu sono), segundo Dasgupta. Da mesma forma, pense duas vezes antes de ingerir bebidas frisantes e carbonatadas.
4. Beba comendo — e preste atenção à ingestão de álcool. Beber e comer ao mesmo tempo é uma boa ideia, porque normalmente comemos horas antes de ir para a cama, o que permite mais tempo para que o corpo metabolize a bebida e também mais tempo para ingerir aqueles cruciais copos de água. Mas há uma armadilha: a comida reduz o “golpe” do álcool, diz Carter, por isso, você pode acabar bebendo mais para se “sentir alegrinho”.
5. Nunca beba caso esteja tomando comprimidos para dormir. Remédios como Ambien e outros medicamentos vendidos sem prescrição médica, como Benadryl, não devem ser ingeridos com álcool, diz Dasgupta. O álcool é um depressor respiratório (ou seja, torna a respiração difícil) e a maioria dos comprimidos para dormir atua sobre os mesmos receptores que o álcool no corpo, reduzindo ainda mais a capacidade de respirar. Portanto, o álcool aumenta os efeitos das pílulas para dormir, o que pode ser muito perigoso.
É importante destacar que o álcool piora os distúrbios do sono. Mais de 18 milhões de adultos sofrem de apneia, um problema que interrompe a respiração durante o sono, segundo a Fundação Nacional do Sono. Como o álcool dificulta ainda mais a respiração, é um duplo golpe para a saúde de qualquer pessoa com o distúrbio, diz Dasgupta. As bebidas alcóolicas também podem aumentar os sintomas ou efeitos da parasomnia (sonambulismo) e síndrome das pernas inquietas. Portanto, se você tiver qualquer um desses distúrbios, precisa tomar um cuidado extra com a ingestão de álcool.
Imagem de capa: Shutterstock/kiatipol2426
TEXTO ORIGINAL DE BRASILPOST
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