Por Dr. Persio Gomes
De acordo com o seu próprio nome, seria um transtorno marcados por dois polos extremos. O transtorno bipolar é bastante antigo, a ponto de ter sido descrito por Areteu da Capadócia (Angst 1986 e Marmeros 2001) que apontou uma doença com dois polos: um melancólico e outro depressivo. Ao longo da história da Psiquiatria os estudiosos foram compreendendo melhor esta forma de doença. Resumidamente, o transtorno bipolar pode ser definido como dois polos distintos, no qual a pessoa altera completamente sua maneira de ser e permanece alterada por um período médio de quatro meses, tanto na fase eufórica ou maníaca, como na fase depressiva. É importante ressaltar que o transtorno é uma doença séria e que necessita de tratamento muito adequado e criterioso, inclusive com o uso de medicações.
São diversas as formas de tratamento, justamente por existem diversos graus e diversas manifestações de Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). A ciência tem evoluído bastante e contamos com novos agentes terapêuticos que já conseguem dar um nível e qualidade de vida muito bom aos portadores de Transtorno Bipolar que efetivamente se tratam e têm compreensão e apoio familiar. Como são diversos os níveis e manifestações da doença, existem diversas ferramentas terapêuticas, desde o uso de modernos psicofármacos e práticas de psicoterapias, até a pratica de esportes, meditação, religiosidade, artes, apoio da família e reinserção social.
Contudo, continua sendo muito difícil entender ou aceitar que num período a pessoa está normal, e logo a seguir é como se fosse outro ser. Essa alternância de fases, o prejuízo em sua vida profissional que não consegue ter continuidade acaba com a autoestima e nos deixa comprometidos no sentido da impotência em ajuda-lo ou em interromper estas fases. Perguntas como “o que vai ser de seu futuro?”, “Não consegue estabelecer nada estável, nem relações afetivas, nem trabalho?”, “Pode ser que os surtos diminuam ou até acabem?”, “Esta nova medicação consegue realmente deixa-lo normal? Ela evita as crises?” e tantas outras são comuns para os familiares e portadores de TAB.
Qualquer fator de estresse pode ser um gatilho para desencadear um período de surto do Transtorno Bipolar, entre eles o resultado do trabalho. Existem algumas orientações para quem tem o problema. Em primeiro lugar tentar abordar a questão do preconceito à doença não somente com a chefia, mas também com os demais colegas e pares de trabalho e esta não é uma tarefa fácil. Segundo Einstein, é mais fácil quebrar o átomo através da fissão nuclear que quebrar um preconceito, mas existem diversos exemplos de profissionais bem sucedidos que com tratamento e acompanhamento adequado conseguiram construir um carreira. Um com exemplo é um dos assessores do antigo presidente americano Carter teve a coragem de quebrar estes preconceitos assumindo que era Bipolar e que fazia tratamento, e ele ocupava um dos três cargos mais altos da Casa Branca!
Eu creio que é muito importante comunicar o transtorno já na entrevista, assim como é importante avisar se é possuidor de diabetes ou de um problema cardíaco. Não se trata de esconder um problema de saúde, mas de revela-lo de forma madura, tendo a consciência que um problema, em qualquer órgão do corpo, não irá interferir em sua performance de trabalho. Também é muito importante lidar com os fatores estressores, minimizando-os o quanto possível, pois os fatores estressores são “gatilhos” para os surtos, além de manter o tratamento com muita seriedade.
Para quem quer entender melhor a bipolaridade, há um filme que eu recomendo para meus alunos e pacientes, chamado “Mr. Jones”. Nele é retratada a história de um paciente bipolar interpretado pelo norte americano Richard Gere.
TEXTO ORIGINAL DE MINHA VIDA
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