Por Adriana de Araujo
Traumas normalmente estão sempre associados ao mal-estar por uma experiência percebida como “péssima”, sentida como negativa, vivenciado como dor física ou emocional ou sensação de grande e forte susto. Nem sempre a realidade é igual à interpretação dada por cada um e por isso, mais do que o fato em si, o que determinar o trauma é como a pessoa foi capaz de lidar com essa vivência, como associou e registrou essa memória ruim
O mais falado e que que parece o mais famoso dos traumas é o chamado “trauma de infância”, justamente, pela imaturidade e fragilidade emocional e física da idade. As crianças, normalmente, não têm uma estrutura já formada para lidar com o impacto de algo pesado, doloroso ou profundamente negativo.
O trauma emocional é a consequência de algum tipo de mal-estar, dano ou lesão emocional proveniente de algum tipo de situação, fato ou acontecimento vivido. Aquilo que foi vivido e concebido como negativo tem impacto direto nas emoções de:
Isso tudo acaba gerando grande estresse e como consequência uma grande exacerbação do sistema interno de autoproteção (fuga ou ataque). O cérebro passa a trabalhar em alerta o que gera profundo desgaste e problemas gerais, tais como: aumento significativo de ansiedade e/ou sintomas de depressão.
Os fatos que mais marcaram e seguem como de maior problema em casos de traumas de infância, e em outras épocas também, são:
Situações assim podem ser traumáticas para qualquer um em qualquer idade. Na infância, esse tipo de experiência negativa pode mesmo ser algo ainda maior, mais sério e marcante. Com isso, aquilo vivido há anos atrás de forma traumática poderá ter desdobramentos mais importantes ao longo da vida.
Nem sempre! Há quem tenha vivido algo negativo mais foi capaz de se superar e seguir em frente. É muito difícil imaginar uma vida “blindada” e sem problemas. O mais comum é conseguir ser resiliente e ser capaz de superar o passado com foco no presente e objetivos maiores para o futuro.
Por outro lado, quem viveu um terrível trauma na infância pode não se lembrar dele – existe um mecanismo de proteção interno de negação, não aceitar que algo aconteceu, e com isso, o “esquecimento” -, como habitualmente as crianças não registram vários fatos da infância, nem positivos, nem negativos. Mas esse tipo de situação é pouco comum, no sentido que normalmente os pais, escolas ou responsáveis estão por perto e estão atentos e costumam ter algumas referências sobre a vida dessa criança.
Existem tratamentos específicos para cura e resgate de memórias adormecidas, porém, há um “romantismo” e uma distorção de como a mente humana realmente funciona. É errado achar a cura é algo passivo. Fantasia-se muito que que há um ponto ?escuro? no passado de alguém e que através de técnicas como hipnose (essa técnica é ótima, mas há um mito de como deve ser usada), por exemplo, o acesso a esse passado vai acontecer quase que por si só e isso seria já a cura efetiva e zero de trabalho ou ação desse paciente para o bem-estar duradouro.
Quando há um problema na infância, como um trauma, podemos pensar em alguns pontos:
Os maiores problemas costumam estar no presente e na forma com as pessoas lidam com suas vidas. É claro, sem dúvida alguma, que traumas merecem atenção e tratamento. Eu mesma sou especialistas em várias técnicas de cura de traumas, pois acredito mesmo no poder de cura nesse modelo. Porém, vejo com grande preocupação a simplificação do processo, como se o passado fosse maior do que as escolhas no presente. Vejo constantemente pessoas no meu consultório perdidas na ideias de superar o passado sem nem olhar o que estão fazendo no presente, as consequências de suas escolhas e ações ou mesmo que tipo de objetivos vão criar para o futuro.
Podemos compreender que a cura é maior que o trauma passado. A cura vai além do que já foi. É também a estruturação do presente e futuro. É um trabalho de fortalecimento e desenvolvimento de habilidades e emoções. A vida pode ser leve e plena. Estruture suas ideias para cura. Sucesso naquilo que busca e até breve.
Imagem de capa: Shutterstock/Eakachai Leesin
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