Por Ana Freitas
Dizem que a gente sabe pouco sobre o cérebro. Pode ser verdade, mas cada vez mais estudos na área de ciências sociais e psicológicas ensinam coisas que podem ser aplicadas no dia a dia e podem melhorar o desempenho do cérebro nas tarefas cotidianas. Algumas fazem parte do senso comum, outras vão justamente contra ele. Dá uma olhada:
Às 2h da manhã, depois de um longo dia de trabalho, você deita a cabeça no travesseiro e fecha os olhos. Daí, naqueles 10 a 15 minutos em que seu cérebro está desligando, você tem ideias incríveis: um texto que gostaria de escrever, um desenho, um projeto novo. A maioria das pessoas acaba sucumbindo ao sono, não anota nenhuma das ideias que teve e, no dia seguinte, esquece tudo. Você já deve ter passado por isso, né?
Quando você está cansado, seu cérebro funciona assim, meia boca. E isso é ótimo pra sua criatividade, porque ele se torna incapaz de filtrar distrações e se focar muito em uma coisa só. E isso, pro trabalho criativo, é excelente, já que to deixa mais aberto a novas ideias, inspirações e conexões improváveis.
Esse texto da Scientific American fala um pouco sobre isso: “menos focados, a gente tende a considerar uma gama mais extensa de informação [quando está criando]”, diz o artigo.
Quem não ama uma soneca? Claro que é preciso saber tirar o melhor delas (sob o perigo de acordar mais cansado do que quando foi deitar), e para isso, vale seguir esse infográfico aqui. Mas o importante é saber que sonecas melhoram a memória de acordo com esse estudo e te ajudam a solidificar as coisas que você aprendeu (ou seja: jamais dispense uma sonequinha depois daquela tarde de estudos!).
Meditação e neurônios
Você já tentou meditar? Não acontece de um dia para o outro, verdade. Ninguém consegue esvaziar a cabeça tão rápido assim. É preciso treino, e nada de cobranças: seja generoso com a sua cabeça apinhada de estímulos e informação. Mas uma vez que você consegue, a coisa se torna viciante.
O motivo é simples. Há uma porção de estudos comprovando que meditação afeta o cérebro pra melhor. Meditando, você melhora sua capacidade de concentração, diminui a ansieade, fica mais criativo, mais generoso, menos estressado e – pasme! – até aumenta a quantidade de matéria cinza no seu cérebro, o que se traduz em mais emoções positivas, estabilidade emocional e concentração.
Você é senhor do (seu) tempo
Todos nós, frequentemente, nos incomodamos com as impressões que temos da passagem do tempo, ora rápido demais, ora se arrastando. Cientistas descobriram que é perfeitamente possível manipular o cérebro para entender determinados períodos de tempo como tendo passado mais rapidamente ou devagar: se você quiser uma impressão de que “esse mês voou”, basta não fazer nada de novo. O inverso também funciona.
O cérebro demora um tempo até processar novas informações, porque essa percepção de tempo é controlada por várias áreas diferentes. Quanto mais coisas novas você fizer, mais tempo deve demorar até que seu cérebro organize isso, dando a impressão que o tempo passou mais devagar.
Permita-se ter muitas ideias ruins:
só assim virão as boas
Sabe quando você não se permite criar por insegurança de que suas ideias sejam ruins? Deixe isso de lado. Você só poderá ter boas ideias se deixar as ideias más fluírem pelo seu cérebro. Um cientista da Universidade de Pittsburgh descobriu que é tudo uma questão de proporção. “Você pode maximizar a chance de ter ideias expecionais não necessariamente aumentando a qualidade média das ideias, mas aumentando a variedade da qualidade das ideias. Iniciativas criativas bem sucedidas e sustentáveis têm mais a ver com um grande fluxo de ideias, e não com uma capacidade de uma média mais alta de boas ideias o tempo todo”, eles detectaram.
Ou seja: deixa a vergonha de lado na hora de criar. Você precisa das coisas ruins para que as boas apareçam na sua cabeça.
Imagem de capa: Shutterstock/frankie’s
TEXTO ORIGINAL DE REVISTA GALILEU
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