A Comunicação Não-Violenta como filosofia de vida

Se você ainda não sabe nada sobre o assunto, sugiro começar por um texto publicado no Papo de Homem (link) que explica um pouco das origens e apresenta os 4 componentes da CNV de um jeito bem didático. Pra quem já conhece o básico, vale a pena ler um texto do Tales Gubes (link) que complementa muito bem o que vou falar aqui.

A Comunicação Não-Violenta é um modelo de comunicação poderoso e eficaz, com certeza, mas vai muito além disso. Trata-se de um jeito de serpensar e viver. É uma linguagem que inspira conexões genuínas entre as pessoas, conexões que nos ajudam a reconhecer as necessidades de todos, inclusive as nossas. Conscientes dessas necessidades, podemos contribuir espontaneamente com a vida ao nosso redor. Em suma, a CNV se preocupa com as seguintes perguntas:

O que está vivo em nós?

O que podemos fazer para tornar a vida melhor?

UMA RESPOSTA À NATURALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA

 

A violência é consequência da forma como somos educados, e nada tem a ver com a natureza humana. Vivemos, por milhares de anos, em sociedades hierárquicas que se aproveitaram de certos conceitos para justificar a opressão. Para manter as coisas como estavam, sem derramar tanto sangue, foi preciso uma narrativa de dominação que pudesse justificar o que acontecia. Assim, a tal narrativa passou a utilizar uma linguagem que transformava pessoas em objetos, ignorando sua humanidade.

Aprendemos a pensar uns nos outros em termos de julgamentos morais, criando uma série de palavras para abreviar esse processo: certo, errado, bom, mau, bonito, feio, etc. Então, passamos a relacionar essas palavras ao conceito de justiça pautada no merecimento. Se você for “mau” ou fizer algo “errado”, será punido. Se for “bom” ou fizer o que é “certo”, então merece ser recompensado.

Daí a importância da CNV como possibilidade de utilizar a linguagem de outra forma. Além de humanizar as pessoas, ela se propõe a transformar a nossa cultura, que continua a reproduzir uma narrativa de violência e dominação. Então, se eu pudesse sintetizar o que aprendi, diria que a CNV integra um tipo de pensamento, linguagem e comunicação que nos aproxima e, inevitavelmente, resgata uma vontade natural e espontânea de contribuir com a vida.

Imagem de capa: Shutterstock/BlurryMe






Ao longo de uma história que me levou da Engenharia à Psicologia, aprendi que não basta entender a natureza humana, é preciso experimentá-la. Profissão: Engenheiro Químico (UFSCar-SP) e graduando em Psicologia (FMU-SP)