Uma indiana de 14 anos, conhecida como Pooja, foi submetida a uma cirurgia para retirar 1,3 kg de cabelo de seu estômago, após relatar sintomas como dor abdominal e vômito.
Aos médicos, Pooja revelou que estava secretamente comendo seu cabelo, e isso baseou diagnóstico dos médicos de que a garota sofria de tricofagia, que é popularmente chamada de “Síndrome de Rapunzel”. O transtorno está relacionado à tricotilomania, outro distúrbio que faz com que o indivíduo arranque pelos do corpo. O caso foi publicado nesta terça-feira, 20, pela Fox News.
Segundo Edson Luiz de Toledo, coordenador do Programa para Tricotilomania do PRO-AMITI (Programa do Ambulatório dos Transtornos do Impulso) do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a tricofagia é bastante comum entre crianças e adolescentes. “A idade média de início costuma ser aos 12 anos, mas já atendi uma criança de três anos e meio”, diz o psicólogo.
Mulheres são as que mais sofrem do transtorno: ele afeta 10 mulheres para cada homem com o problema.
“As causas são diversas, mas geralmente estão relacionadas com a separação dos pais, brigas em casa, bullying, primeira menstruação ou até abuso sexual”, explica Toledo. De acordo com ele, a criança ou o adolescente começa a arrancar o cabelo e comer para se distrair ou até punir pais e mães por algo que os incomoda. A tricofagia inclusive está relacionada a outros transtornos como a depressão e a ansiedade.
O cirurgião da adolescente, Rajesh Kumar Pendey, contou que eles conseguiram remover toda a bola de cabelo do estômago de Pooja, que agora está estável. Mas o problema pode ser fatal.
“Comer cabelo é algo bem grave. Se existe essa suspeita, é preciso diagnosticar e encaminhar para um gastroenterologista especialista em endoscopia para verificar se tem o bolo de cabelo no estômago e, se necessário, realizar cirurgia”, explica Toledo. Além disso, a pessoa, assim como a indiana, sente cólica, dor abdominal, constipação e chega até a ter lesão por esforço repetitivo.
Pára além de problemas físicos, ela também sofre emocionalmente. “O paciente pode se isolar socialmente ou deixar de estudar por conta das falhas no cabelo”, alerta.
Em crianças e adolescentes o tratamento se resume à psicoterapia. Em adultos, psicofármacos também podem ser prescritos.
O tempo para o tratamento fazer algum efeito é muito particular, mas Toledo diz que no PRO-AMITI, por exemplo, após 22 sessões, com uma por semana, a remissão dos sintomas passa de 70% dos casos. “É uma taxa bem alta, mas não falamos em cura. Assim como todos os transtornos mentais, como depressão e ansiedade, a tricofagia pode voltar”.
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de UOL.
Foto destacada: iStock.
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