A terapia assistida por animais (TAA), popularmente conhecida como pet terapia vem ganhando forças nos Estados Unidos e na Europa e algumas práticas já vem ganhando seu espaço aqui no Brasil. Neste artigo, a psicóloga Maitê Hammoud explica que embora a gama de estudos científicos seja pouco volumosa, as pesquisas já são suficientes para se comprovar seus benefícios além de já podermos desfrutar de emocionantes relatos de pacientes que se dizem totalmente satisfeitos com o processo.
O que é Terapia Assistida por Animais – a famosa pet terapia?
A pet terapia é uma intervenção terapêutica realizada por profissionais de saúde onde os animais ganham o título de co-terapeutas no intuito de auxiliar o tratamento de pessoas que se encontram de alguma maneira debilitadas por razões diversas.
O contato com os pets vem se demonstrando uma verdadeira injeção de bem-estar proporcionando ganhos no tratamento do paciente em sua totalidade: saúde emocional, física, social e cognitiva. O que pode parecer um simples contato para alguns, vem se demonstrado valioso e determinante aos olhos de outros, principalmente daqueles que vem vivenciando tais benefícios.
Qual é o perfil do paciente praticante da pet terapia?
As demandas ainda são diversas e cada vez mais os bichinhos tem ganhado espaço nos consultórios. A prática atual vem sendo direcionada a: idosos residentes em hospitais ou moradias de longa permanência, pacientes psiquiátricos, pessoas com algum tipo de limitação de locomoção e ainda pacientes que possam apresentar algum grau de deficiência intelectual, como os portadores de síndrome de down ou transtorno do espectro autista.
Como funciona o processo psicoterapêutico
Ainda não existem regras de como o trabalho com os pets deve ser estruturado ou necessariamente enquadrado. Existem valores em comum quando se trata do respeito que deve ser mantido com o animal sem violar qualquer um de seus direitos, além dos cuidados com a personalidade do animal que será escolhido, prevalecendo personalidades dóceis e tolerantes para viabilizar o trabalho.
Por ser um modelo de terapia muito recente, e que vem sendo utilizado por profissionais da saúde de diversas especialidades conforme a demanda de seus pacientes, o que podemos mencionar como fator chave no processo é o afeto incondicional além da relação totalmente horizontal e genuína entre humano e pet.
No Brasil as práticas pet terapêuticas costumam utilizar como co-terapeutas os cavalos e cachorros.
A equinoterapia (terapia praticada com cavalos) possui grande valia na complementação do tratamento de pessoas com síndrome de down, paralisia cerebral, derrames, déficit de atenção, algumas doenças degenerativas e transtorno do espectro autista. O exercício praticado com mais frequência é realizado em grupo proporcionando aos pacientes que desenvolvam seu estado físico e emocional através de coreografias e manobras com pequenos saltos. O desenvolvimento físico ocorre por meio de situações momentâneas em que o cérebro deve interpretar e responder com agilidade, estimulando por completo respostas diversas do corpo. Além disso, é trabalhado o equilíbrio e concentração diante das respostas e estímulos. Os ganhos nos aspectos emocionais e psíquicos se relacionam ao sentimento de coragem, autoestima – principalmente pela sensação de se sentir no controle mesmo sendo portador de alguma limitação ou deficiência, confiança, estabelecimento de vínculo com instrutores e animais, além da interação social.
Já a pet terapia praticada com cachorros proporciona um pouco mais de autonomia na criatividade devido à facilidade de transporte dos animais e das exigências com o espaço físico e equipamentos menores.
Amor incondicional ser sentido por humanos divide opiniões, mas a sensação do amor incondicional de um bichinho de estimação nunca foi dúvida para ninguém. Cães são leais, prestativos, brincalhões e possuem enorme facilidade para amar e ser amado.
Um estudo recente realizado em uma moradia de longa permanência em Vila Velha no Espírito Santo acompanhou a pet terapia com 25 idosos hipertensos, concluindo resultados gratificantes no quesito saúde e satisfação.
Os pacientes que enfrentavam uma grande diversidade de questões complexas sejam com sua saúde, questões sociais ou emocionais como elaboração do luto, apresentaram melhoras impressionantes. Nesta pesquisa o tratamento apostou no estímulo sensorial do tato para despertar a autoestima e sensibilidade, na relação das pessoas com os animais, seja falando com eles ou acariciando-os. O contato periódico neste grupo com os animais demonstrou queda nos níveis de ansiedade e consequentemente em sua frequência cardíaca e pressão arterial, sendo visto aos olhos dos médicos autores como um remédio extremamente eficaz para combater a hipertensão.
A prática da pet terapia em clínicas e hospitais vem demonstrando feedback muito positivo por parte dos pacientes. Inúmeros relatos afirmam que os pacientes ficam mais entusiasmados ao esperar para desfrutar de um tempo com seu cachorrinho visitante do que com a visita de voluntários humanos ou oficinas diversas.
Os dados não te convenceram ainda? Só experimentado!
Outro benefício da pet terapia é que não precisa necessariamente ser praticada com enquadre específico ou acompanhada por um profissional da saúde. Principalmente para quem sofre de ansiedade, depressão, elaboração de luto e transtorno de personalidade borderline, a companhia de um pet amável pode ser de grande valia para otimizar a saúde, tratamento e qualidade de vida.
Além do afeto, relação de troca, sensação de estar sendo cuidado, exercício constante na capacidade de se vincular sem temores e a responsabilidade de zelar por cuidados que envolvam rotina alimentar, higiene pessoal e até mesmo atividade física é sinal de algo muito maior que o início de um trabalho de parceria, mas sim, do fortalecimento de um vínculo de muito amor.
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Maitê Hammoud
Psicóloga Clínica
CRP 06/112988
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