Por Aline Marques da Silva
Para aqueles que não conhecem, nunca ouviram falar dessa linha da psicologia, ou mesmo para os que vivenciam um processo terapêutico fundamentado nessa abordagem e gostariam de conhecer mais, começa hoje uma série de postagens com conceitos básicos e fundamentais que dão o embasamento para todo o trabalho terapêutico. Iniciando então com o próprio termo – “Que raio é esse de Gestalt?” (pronuncia-se, Guestalt)
A palavra Gestalt tem origem alemã e surgiu de uma tradução da Bíblia, significando “o que é colocado diante dos olhos, exposto aos olhares”. Hoje adotada no mundo inteiro, significa um processo de dar forma ou configuração.
A Gestalt-terapia foi criada pelo médico alemão Frederick Perls, também chamado de Fritz Perls, que trouxe para sua nova abordagem conceitos e conhecimentos de outras abordagens filosóficas ou psicoterápicas, como a psicologia existencial, a psicologia fenomenológica, psicologia humanista, psicanálise (Freudiana e de alguns dos discípulos de Freud), os trabalhos de Kurt Lewin, Reich, a psicologia da gestalt, a teoria organísmica de Goldstein. É dessa base de influências que se pode depreender a visão de ser humano da abordagem gestáltica.
Vamos lá então! Filosoficamente falando, a Gestalt-terapia se apóia no Existencialismo e na Fenomenologia.
De acordo com a fenomenologia, a consciência só pode ser concebida a partir do fato de que só pode ser consciência de algo (algum objeto) e o objeto só é objeto para uma consciência, ao contrário do conceito de consciência da psicanálise, que acredita se esta uma estrutura psíquica. Para a GT, só é possível ter consciência de alguma coisa e as inter-relações entre consciência e objeto constituem o fenômeno. A fenomenologia busca a descrição do fenômeno enquanto e como é revelado à consciência da maneira mais fidedigna possível.
O existencialismo, por sua vez, prega que o homem é livre, e é a partir dessa liberdade que ele se torna responsável pela sua existência. Portanto, o homem se constitui a partir do que vive, e atua na relação que estabelece com o mundo de forma a exercer seu arbítrio. É de Sartre, o “pai” do existencialismo, a frase: “o importante não é o que fazem de nós, mas o que nós fazemos do que fizeram de nós”. Ou seja, a cada ato devemos conscientizar-nos de nossa escolha, entendendo que as possibilidades de lidar com determinado fato são escolhidas a cada instante por quem os vive.
Há, ainda, as teorias de base da gestalt-terapia que são o humanismo, psicologia da Gestalt, teoria de Campo, teoria Organísmica e teoria Holística.
– Humanismo: define o homem como o ser que é o criador do seu próprio ser, pois o humano, através de sua história, gera a sua própria natureza.
– Psicologia da Gestalt: voltada basicamente aos fenômenos perceptivos e sua organização: nossa percepção se organiza por intermédio da formação de totalidades (Gestalten), que são percebidas de modo natural e espontâneo pelo ser humano. Essas totalidades são constituídas por figura e fundo e “o todo é diferente da soma das partes”.
-Teoria de Campo: o meio onde o indivíduo está inserido é fundamental para a sua compreensão; não é possível saber de que pessoa falamos sem olhar para o todo que compõe sua existência, do qual faz parte também o mundo que a cerca. Conhecer alguns aspectos de uma pessoa não equivale a conhecer toda a pessoa; uma parte nos dá certas notícias do todo, mas não é o todo.
– Teoria Organísmica: um sintoma não pode ser compreendido em sua totalidade se o indivíduo não for também visto em sua totalidade. O que ocorre numa parte, afeta o todo. Segundo esta teoria, o homem é dominado por um impulso dominante de auto-regulação.
– Teoria Holística: Holos do grego = completo. O Universo e especialmente a natureza viva, se constitui de unidades que formam todos (como organismos vivos) que são mais do que a simples soma de suas partículas elementares. Não é possível separar nenhuma dessas partes para observá-la sem que se perca o sentido global do que está acontecendo. Qualquer manifestação psíquica tem seu correlato físico aparente.
Bom, por hoje acho que já tem bastante conceito pra ser digerido…muitas coisas que aparecem nesse post vão aparecer mais à frente mais “esmiuçadas”. A intenção agora era realmente dar um apanhado geral do que é essa abordagem terapêutica.
Até a próxima.
Psicóloga Aline Marques da Silva
Fonte: http://