É quase irresistível. Ao findar um ano, firmamos desejos para o próximo período anual. Emagrecer, ter mais dinheiro, fazer e manter amizades, encontrar e conservar um amor, esses entre tantos outros desejos presentes na lista de cada um. Mas, como iniciar aquela dieta e perseverar até se livrar do excesso de peso?
Como alterar hábitos de consumo para equilibrar o orçamento e ter mais recursos para realizar sonhos? De que forma se relacionar de modo mais caloroso e feliz para fazer e manter amigos? Como viver uma experiência romântica duradoura?
Essas perguntas encerram alguns desafios, entre os inúmeros que costumam nos separar dos mais acalantados desejos. Mas e se pudéssemos contar com um conselheiro que nos guiasse até às respostas de questões tão comuns e persistentes?
Mas quem poderia ser esse conselheiro?
Precisaríamos de uma figura exemplar. Teria de ser alguém capaz de se lançar sem medo nos próprios projetos. Alguém destemido, pronto a avançar ante obstáculos e perseverar, mesmo diante de quem considerasse seus objetivos apenas intrigantes quimeras.
E se a escolha recaísse em Dom Quixote? O cavalheiro criado por Miguel de Cervantes, um homem de imaginação pródiga, aficionado em aventuras da cavalaria, embriagado de amor e, talvez o mais importante, defensor intransigente dos próprios valores?
Seria uma escolha fértil. Basta ler Dom Quixote e descobrir que em cada uma de suas aventuras se encerra uma porção de sábios conselhos que podem ajudar a melhorar decisões e ações. Poderíamos elencar muitos desses conselhos, mas para os fins práticos, aqui propostos, focalizaremos apenas três sábias exortações.
O primeiro desses conselhos refere-se à forma como utilizamos o tempo. Quixote diz o seguinte: ‘O tempo é ligeiro e não há barranco que o segure, portanto, não adies o que deves fazer, pois no tardar é que costuma estar o perigo.’
Nessa primeira exortação, Quixote mostra o valor de planejarmos ações para não desperdiçarmos tempo e usá-lo a nosso favor. No segundo conselho: ‘Cuida, pois cada um é filho de sua obra’, Quixote convida a dedicar esforço e capricho no feitio dos nossos atos, do começo ao fim, até a conquista almejada.
Esse segundo conselho evidencia a necessidade de nos ocuparmos de atividades relevantes aos nossos fins e perseverarmos até sua finalização. Quantas vezes estamos muito ocupados, mas o que fazemos não nos levará a lugar algum e quantas vezes, simplesmente, desistimos.
É imprescindível escolher um objetivo e diariamente realizar algo, mesmo uma pequena ação, que nos aproxime dele. O terceiro conselho aborda o lado ético do agir, quando visamos nossos interesses e ganhos próprios. ‘Aja com honra, pois o que mal se ganha, perde-se ele e o dono’. É a advertência do Quixote para não esquecermos de cuidar de interesses preservando a dignidade. São três curtos ensinamentos, mas que abordam dimensões gigantes da ação humana: o tempo, o trabalho e a honra.
E não são as nossas ações e o modo como as efetuamos que realizam desejos e assim nos realizam? Lembre-se disso já no primeiro dia do ano e tire proveito dos benéficos das lições nada quixotescas do nosso bom Quixote.
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