A quantidade relatada na pesquisa seria o equivalente a consumir diariamente mais de 400 calorias em alimentos industrializados (pão de forma, hambúrgueres de redes de fast-food, refrigerantes e bolachas recheadas, dentre outros), em uma dieta de 2.000 calorias/dia.
Os resultados estão no artigo Association Between Consumption of Ultraprocessed Foods, Cognitive Decline publicado no períodico JAMA Neurology no dia 5 de dezembro, tendo como primeira autora a pesquisadora Natália Gomes Gonçalves, do Laboratório de Patologia Cardiovascular do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e fazem parte de uma ampla pesquisa chamada Estudo Longitudinal Brasileiro de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), que gera conhecimentos científicos sobre doenças crônicas no País. A coleta de dados ocorreu entre os anos de 2008 e 2017 e analisados entre dezembro de 2021 e maio de 2022. Os participantes são servidores públicos, homens e mulheres com idade entre 35 e 74 anos. O grupo era composto em sua maioria de mulheres (54,6%), brancos (53,1%) e com no mínimo um diploma universitário (56,6%). O Índice de Massa Corporal (IMC) médio dos voluntários era de 26,9 e ingestão calórica de 2.856 calorias/dia. O IMC é calculado dividindo o peso (em quilos) da pessoa pela altura (em metros) ao quadrado.
Natália explica ao Jornal da USP que o declínio cognitivo acontece naturalmente ao longo de todo o processo de envelhecimento. Porém, o que se constatou no estudo foi que houve perda acelerada de cognição entre todos os participantes da pesquisa, mesmo entre os mais jovens, por volta dos 35 anos. Segundo a pesquisadora, esse achado foi muito importante porque essa faixa etária é justamente a idade da janela mais importante para prevenção de doenças neurodegenerativas, que têm início bem antes da apresentação dos sintomas na velhice. “Nessa idade, as pessoas precisariam se preocupar em ter uma alimentação mais saudável para assegurar melhor saúde cerebral ao envelhecer”, diz.