A criação moderna encarrega-se de analisar e organizar cada detalhe da vida dos pequenos. Não há margem para improvisar, desfrutar ou viver como uma verdadeira criança.
É verdade que as crianças aprendem muito rápido. A infância é uma etapa fundamental para reterem muitas coisas que servirão para o futuro.
Entretanto, há algo que é muito mais complicado: ser feliz.
Na criação moderna os pais são os mais responsáveis pelo fato das crianças não desfrutarem plenamente de sua infância. Mediante aulas extraescolares tediosas, através de terríveis rotinas, os pequenos aprendem cedo o que é ter responsabilidade, um horário marcado e pouco (ou zero) tempo de ócio.
Prioriza-se a educação ou, mais ainda, a interiorização dos conceitos, enquanto se deixa de lado o desenvolvimento como pessoa. A perda de tempo brincando é algo que os adultos veem mal, mas que permite desenvolver a criatividade.
Uma criatividade que, talvez, as crianças precisarão no dia de amanhã em seu trabalho. Uma qualidade muito bem vista e, hoje em dia, muito necessária. Não obstante, se desde muito cedo tudo são normas e organização e não permitirmos a elas brincarem… quando farão?
Como pais, às vezes não nos damos conta de que estamos fazendo com que nossos filhos vivam da mesma maneira que nós. Será que esquecemos tão rápido nossa própria infância? Por isso, é importante que façamos uma autocrítica, para identificarmos se somos esses tipos de pais que asfixiam, que afogam e que organizam o dia a dia ou a própria vida de nossos filhos.
Tudo está organizado, até os minutos.
Pouco interessa se eles não gostam de aulas de guitarra. Se um dos progenitores não pode em sua infância estudar esse instrumento e gosta, faz com que seu filho cumpra seu próprio sonho.
Devemos permitir que nossos filhos sejam livres, que investiguem, que potencializem sua curiosidade. Também que possam se distrair, brincar e aprender dos seus relacionamentos com os demais. Se há algo que jamais deveríamos fazer é impedir que a criança pense por conta própria, que acredite que tudo o que dizemos é certo e que não pode refletir nem ter uma opinião própria.
Se há algo que como adultos sabemos é que o mundo não é visto da mesma maneira por todos e que a diversidade dos pontos de vista e opiniões enriquece.
Não devemos buscar criar filhos perfeitos. Deixemos que nossos filhos errem, que aprendam de suas falhas, que caiam e levantem, que desfrutem do que gostem. Mas, sobre tudo, devemos demonstrar muito amor, passar bons momentos com eles.
Nunca devemos deixar uma fantasia ou um sonho de lado devido às nossas crenças e preconceitos. Se seu filho quiser fazer balé, permita! Se desejar cantar ou montar a cavalo, que faça. Não estamos aqui para limitá-los, isso não serve para nada. Eles têm que experimentar e viver o máximo possível.
Quem sabe com o que eles vão se deparar no futuro? Sabemos com o que eles vão se deparar no presente: um lugar cheio de amor, compreensão, diversão e alegria. Não asfixiemos nossos filhos. Não pratiquemos a criação moderna. Devemos permitir que sejam livres.
Imagem de capa: Shutterstock/Eva Vargyasi
TEXTO ORIGINAL DE MELHOR COM SAÚDE
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