Por Thais Carvalho Diniz
Segundo definição da ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção), o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e que frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Também chamado de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção), o problema é reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e, ainda de acordo com a ABDA, atinge de 3% a 5% das crianças no mundo todo.
O transtorno é real, mas não deve ser confundido com uma desatenção característica de determinadas fases do desenvolvimento infantil. Seu diagnóstico é complexo, envolvendo uma avaliação clínica detalhada da criança nos vários ambientes que ela frequenta, como casa e escola.
A seguir confira dez perguntas e respostas sobre o transtorno.
Segundo Guilherme Polanczyk, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, o TDAH é um transtorno caracterizado por sintomas intensos e frequentes de desatenção, hiperatividade, impulsividade, que não são esperados para o momento do desenvolvimento em que a criança se encontra.
“Em geral, até os cinco anos, é normal que a criança seja mais inquieta e não consiga se concentrar em uma mesma atividade por muito tempo. Portanto, o TDAH é mais diagnosticado a partir dos seis ou sete anos, quando se inicia o processo de alfabetização”, afirma Maria Conceição do Rosário, professora-adjunta do Departamento de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). “É preciso tomar muito cuidado para não taxar de hiperativa uma criança que, na verdade, está apenas em uma fase mais agitada.”
Apesar de poder ser diagnosticado em idade escolar, o TDAH não está relacionado apenas com a escola. “Muitos associam, mas essa é uma visão equivocada. Diversos estudos mostram que o transtorno é causa de acidentes domésticos e pode aparecer em ambientes recreativos. Ele provoca estresse no convívio familiar e prejuízo na interação com amigos”, diz Polanczyk.
Para Míriam Ribeiro de Faria Silveira, membro do Departamento do Comportamento e Desenvolvimento da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), o médico pediatra tem um papel muito importante no tratamento por ser quem mais conhece e acompanha o desenvolvimento da criança. É ele quem deve encaminhá-la para um profissional especializado na área de psiquiatria e/ou neurologia.
“Não existe nenhum exame para detectar o TDAH. O diagnóstico é feito por avaliação clínica bem detalhada, que demanda tempo, pois exige entrevistas com a criança, os pais, além de coleta de informações sobre o comportamento na escola e com os amigos”, declara Maria do Rosário, da Unifesp.
Para Polanczyk, da USP, eventualmente, são feitos testes complementares, como avaliação neurológica e psicopedagógica.
Segundo Polanczyk, os principais sintomas são: dificuldade em permanecer atento a uma tarefa e de esperar, desorganização e inquietação demasiada.
Os especialistas lembram que, para ter TDAH, é preciso que esses sinais estejam presentes em mais de um ambiente (em casa e na escola, por exemplo) e estejam acontecendo há mais de seis meses.
“Frequentemente, os pais percebem a presença dos sintomas antes da escola, mas não têm clareza se essas manifestações são esperadas ou não para a idade. Nesse contexto, a escola serve como um balizador, apontando que determinados comportamentos são de fato disfuncionais e merecem avaliação especializada”, fala Polanczyk.
“Sim. Está entre as características mais herdadas, como a altura, por exemplo. Mas a criança também sofre influências ambientais, por isso, quanto mais cedo começa o tratamento, maiores as chances de uma boa resposta e uma evolução melhor”, diz Maria do Rosário.
Segundo Maria do Rosário, da Unifesp, é primordial que pais e educadores que acompanham a criança entendam e conheçam profundamente o assunto. Em seguida, vem o acompanhamento com terapia, que é fundamental para toda a família, pois ajuda a saber lidar melhor com quem possui o transtorno e com possíveis diagnósticos associados, como baixa autoestima, dificuldade na escola e problemas na fala.
Polanczyk ressalta que, em casos leves, nos quais os prejuízos funcionais –como rendimento escolar– são mínimos, pode-se optar apenas pelo tratamento terapêutico. Caso apenas essas alternativas não sejam suficientes, existe o tratamento farmacológico.
Os remédios são chamados psicoestimulantes e atuam em áreas do cérebro responsáveis pelo controle do que fazer e em qual momento, e ajudam a focar a atenção.
Fatores genéticos e ambientais precoces (baixo peso no nascimento, prematuridade, exposição intrauterina a toxinas) são risco para o transtorno.
“Não existe cura, mas, em 50% dos casos, os sintomas diminuem na adolescência e na fase adulta”, declara Maria do Rosário.
– Na escola, a criança pode se concentrar melhor na aula sentando na primeira fileira e longe da janela;
– Aulas de apoio com atenção individualizada para melhorar o desempenho são bem-vindas;
– Reservar um espaço arejado e iluminado para a realização das lições de casa.
– Pais devem ter sempre um tempo disponível para interagir com a criança;
– Recompensar o bom desempenho e reforçar as qualidades;
– Não estabelecer comparações entre os filhos;
– Não sobrecarregar com excesso de atividades extracurriculares;
– Manter o ambiente doméstico harmônico e organizado.
Fonte: ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção) e Maria Conceição do Rosário (Unifesp)
Fonte indicada: Mulher Uol
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