Uma criança de 11 anos que estuda da Escola Estadual Aníbal de Freitas, em Campinas (SP), foi alvo de ataques de pais e professores no grupo de Whatsapp da instituição após sugerir o tema LGBT para um trabalho escolar.
A situação revoltou a irmã do aluno, que denunciou o caso em um post nas redes sociais. A jovem conta no post que sua família registrou um boletim de ocorrência para denunciar “preconceito e intimidação”. Depois disso, a Secretaria Estadual de Educação informou que vai enviar um supervisor de ensino à unidade para “tomar as medidas cabíveis”.
Leia abaixo o post feito pela irmã da criança.
“Eu nunca imaginei que um dia eu iria passar por isso na minha vida, o meu irmão de apenas 11 anos fez uma sugestão no grupo da escola de fazer um trabalho falando sobre o LGBT, ele foi massacrado com tanto preconceito, como se ele tivesse cometendo um crime, uma senhora que se diz coordenadora da escola chamada Marines, ligou para ele por volta das 20:30 da noite acabando com ele, falando para ele retirar o comentário que no caso foi uma ‘sugestão de estudo’ se não iria remover ele do grupo da escola, falou para ele que era inapropriado/ inadmissível/ que era um absurdo ele ter colocado aqui no grupo, que ele precisava de tratamento.
Eu cheguei bem na hora e tomei o celular da mão dele, ele estava chorando… eu perguntei quem era para ele e o que estava acontecendo, ele simplesmente me olhou e falou: Dani eu coloquei uma sugestão no grupo da escola e me mostrou bem rápido pq a senhora ainda estava na ligação esbravejando, ele olhei a sugestão dele sem maldade alguma e comecei a falar com ela, perguntei quem era pq achei mesmo que fosse algum pai de outra criança que não gostou e queria falar, mas não era da escola, ligando falando absurdo jogando preconceito na cara do meu irmão que é apenas uma criança.
Ela falou para mim o seguinte, você não acha um absurdo ele querer saber sobre o LGBT, eu falei que não pós aqui na minha casa nós não temos preconceito e já ensino o meu irmão a não ter também!! Perguntei para ela que se ele tivesse mandado uma sugestão de trabalho com o assunto plantações se ela tinha ligado para ele e falado tanta coisa ruins do jeito que ela estava falando, vocês acreditam que ela falou que NÃO!!”, relatou.
Cada um aqui sabe como criam os seus filhos, o meu irmão é somente um menino curioso, uma criança que tem muito o que apreender ainda, ele não é homossexual e mesmo que fosse todos precisam de respeito, ele só sugeriu um tema para estudo, à direção da escola acabou com ele, jogou tanto preconceito, logo a escola que deveria ensinar dar o exemplo.
Gostaria tanto que chegasse nas mídias, jornais, quero tanto afastar essa coordenadora que se quer pediu desculpas, ela deveria ter ligado diretamente para os responsáveis pela a criança e não coagir uma criança do jeito que ela fez, o meu irmão está triste!! Ele já me pediu desculpa umas mil vezes, como se ele tivesse feito algo de errado, ele chora e eu choro junto!!
Fiz um B.O on-line estou esperando eles me ligaram, mais queria avisar vocês, cuidado fiquem sempre de olho pós aquele que deveria cuidar proteger uma criança foi a primeira a bater (falo isso referente ao grupo de escola). O meu irmão pediu para falar com uma psicóloga, hoje eu não tenho dinheiro para pagar uma para ele, mais segunda feira vou fazer de tudo para conseguir uma pelo o SUS.”
Confira, na íntegra, a nota emitida pela Secretaria Estadual de Educação:
“A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) repudia qualquer tipo de preconceito, dentro ou fora do ambiente escolar. Um supervisor de ensino será enviado amanhã à escola para apurar o caso e todas as medidas administrativas cabíveis serão tomadas. Equipe do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva SP) também será enviada para apoiar o estudante, sua família e a comunidade escolar. A Seduc-SP também conta com psicólogos profissionais no programa Psicólogos na Educação, que está presente em todas as escolas estaduais, e já foi disponibilizado o atendimento para o estudante, que será orientado a fazer o agendamento na escola.
O respeito à diversidade faz parte do Currículo em Ação para que seja ensinado e aprendido nas escolas estaduais. Sempre dentro do contexto dos conteúdos escolares previstos para cada série e cada componente curricular. As escolas têm autonomia, dentro do seu projeto pedagógico, para organizar quando e de que forma essa temática será abordada.
Recentemente aconteceu uma formação com educadores de toda a rede durante as Aulas de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPCs), que acontecem toda semana, onde foram discutidos a discriminação e o preconceito e como abordar o tema dentro das escolas com seus alunos e equipe escolar.
Como uma ação, a EE Aníbal de Freitas trabalha temas transversais, em parceria com a PUC Campinas, realizando diversas palestras relacionadas à temática LGBTQIA+, direcionadas à comunidade escolar. A administração regional e a direção da unidade estão à disposição dos pais ou responsáveis para quaisquer esclarecimentos.”
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Catraca Livre.
Fotos: Reprodução/Pexels.