Criança e tecnologia: uma relação que precisa de cautela.

No texto anterior refleti sobre a importância da observação do comportamento da criança e como esta  sociabiliza. Nesta semana, farei uma observação quanto ao uso precoce da tecnologia e o quanto isso acaba impedindo uma melhor observação sobre seu comportamento e interação. Sugiro algumas reflexões e algumas perguntas aos pais, responsáveis e avós.

Nesta atual realidade da tecnologia das coisas, onde qualquer relação perpassa por redes sociais ou aplicativos, observa-se que, o contato da criança com próximos está cada vez mais distante, principalmente com pais e familiares; já com colegas as relações estão cada vez mais superficiais (qualquer coisa bloqueia), e sim, há um distanciamento de quase tudo.

A criança passa a ficar próxima de pessoas distantes e sofrer influências diretas de quem é desconhecida pessoalmente. Ainda há os jogos assustadoramente realistas, que trazem uma pegada de violência com influências um tanto negativas para o desenvolvimento humanista das crianças. As novas tecnologias são positivas se bem usadas,  cabe a orientação e observação dos pais nestas formas de comunicação, para avaliar o quanto estão isolando as crianças nos mundos virtuais e como estão sendo formadas gerações narcisistas e despreparadas para o convívio social no mundo real.

As crianças estão deixando de desenvolver a empatia, instrumento fundamental para a construção de amizades e confiança. O mais grave, até com os pais, irmãos e familiares. Deixam de criar laços afetivos e de saber o que é viver seus sentimentos e suas emoções.

É importante a participação das crianças no mundo tecnológico, mas  com cautela, atenção  e uma constante participação dos pais na vida tecnológica dos filhos.

Pare, avalie e veja como está a relação dos seus filhos com a tecnologia.

Se você consegue ouvir os seus filhos, ouvir suas emoções, suas descobertas frente ao mundo digital, suas descobertas na escola, enfim, você consegue entender o mundo do seu filho.

Prefiro chamar a criança, como criança mesmo que viva intensamente no momento digital e acreditar que elas podem ter muitos ganhos com essa tecnologia ao seu alcance, mas que não se pode esquecer que somos humanos, precisamos do contato com as pessoas, com os brinquedos e com a natureza para nos constituirmos.

Todo esforço é necessário para que as crianças não deixem de desenvolver a empatia, instrumento fundamental para a construção de amizades e confiança e o mais importante vivenciar seu momento família, para evitar que o convívio se torne deficitário.

Convido os pais a refletirem sobre o tema e questionarem sobre o uso de tecnologias pelas crianças.

 

 






Psicóloga clínica, (CRP 09/5798) fundadora, diretora e colunista do Descobrindo crianças que tem como objetivo descomplicar a infância sobre o olhar interprofissional. Graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, PUC – GO, Pós-graduada em Saúde da Família pela Universidade Federal de Goiás – UFG, Especialista em Terapia de Casais e Família pelo IEP/PUC-GO e em Dinâmica de Grupo e Coordenação de Equipe pelo CEAPG. Na sua trajetória profissional atuou na área de Politicas Publicas, com ênfase na área na Saúde e no Social. Ministrou aulas em cursos de especialização para o curso de Psicopedagogia. No momento atual direciono grande parte do meu tempo ao Descobrindo Crianças, visto que ele demanda uma maior dedicação.