As condições atuais de vida favorecem que crianças desde muito pequenas sejam enviadas a escolas. No entanto, vemos que em muitos casos isto não se deve a uma necessidade ou desejo da criança, senão a dificuldades da família, como encontrar alguém que fique com o filho enquanto trabalham, ou ainda, ao anseio dos pais de que a criança seja estimulada da melhor maneira, aprendendo a socializar com seus pares e a lidar com conflitos.

É evidente que o ambiente escolar traz inúmeros benefícios, tanto do ponto de vista social quanto psicológico e cognitivo para a criança, porém, é importante ter cautela nesta decisão para que tudo ocorra no tempo certo, sem pular ou acelerar as etapas que compõem a infância. Os pais às vezes se esforçam tanto para dar o que não têm que se esquecem de dar o que já tem e o melhor a oferecer para uma criança é amor, carinho, valores, tudo isto está dentro dos pais.

Fala-se tanto em estimular as crianças, mas é a construção de um ser que está em jogo. De que adianta a criança aprender a falar mais cedo, contar até cem, saber nomear países e cores, se estiver desconectada de si mesma? É importante ter em mente que os pequenos não necessitam de estímulos constantes, uma vez que são curiosos por natureza e tendem a se envolver espontaneamente em situações simples que promovem seu desenvolvimento como um todo.

Atividades simples como passeios, afazeres domésticos, viagens e brincadeiras em família são uma enorme fonte de estímulos para as crianças, uma vez que para os pequenos tudo é uma forma de aprendizagem. Assim, o que se aprende nos primeiros anos é levado para o resto da vida, como confiar, se sentir seguro e amado. Quando somos amados, nossas emoções são abrandadas, aprendemos a nos recuperar do estresse rapidamente. E a melhor fase para sentir isso é na primeira infância, nos braços dos pais.

A permanência em casa, a participação na atividade diária e dispor de um espaço adequado para brincar livremente são as condições que favorecem o desenvolvimento da criança até ou três ou quatro anos. Levá-las a praças, a casa de amigos e a parques satisfazem suficientemente a necessidade de contato com outras crianças. Há o tempo de brincar, há o tempo de ir para a escola, desbravar o mundo, há tempo para tudo. Mas nunca haverá melhor estímulo para uma criança do que o amor e o cuidado da família.

Thaisa Fér Scandiuzzi

“Psicóloga formada pela Universidade do Triângulo Mineiro (UFTM), Mestre em Ciências pela USP. Atualmente atua na área clínica em Ribeirão Preto- SP atendendo adultos.

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