Por Ana Carolina Leonardi
Ficar sem dormir não te deixa só cansado. Pode ter efeitos de longo prazo, como risco maior de doenças cardíacas e infecções – além de deixar o raciocínio e os reflexos cada vez mais lentos. Mas muita gente não tem escolha: a insônia torna o descanso impossível de acontecer.
Um novo estudo quer abrir portas para que isso mude no futuro. Em uma das descobertas mais surpreendentes sobre o sono, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles descobriram como funciona um gene especial que afeta o sono diretamente – e ele não se expressa no cérebro, mas sim nos músculos.
O gene em questão chama-se Bmal1. Ele é um gene-mestre: o que quer dizer que ele controla a atividade de uma série de outros genes. E o Bmal1, especificamente, está associado aos padrões de sono.
Na pesquisa, os cientistas desativaram artificialmente esse gene-mestre em um grupo de ratos. Depois, expuseram os ratos modificados e outros, sem alteração nenhuma, a 24 horas seguidas sem dormir. No dia seguinte, os efeitos do sono foram atrozes: a sonolência e o cansaço dos ratos sem Bmal1 eram muito maiores do que no grupo normal.
Depois, os pesquisadores fizeram o inverso: adicionaram artificialmente um par extra de genes Bmal1. Mas em um lugar bastante específico: nas células dos músculos esqueléticos desses animais. E, de novo, levaram os bichinhos para um corujão, junto a animais não alterados. No dia seguinte, eles estavam mais dispostos e se recuperaram mais rapidamente do déficit de sono.
A última etapa do estudo foi repetir a adição de genes extras, mas dessa vez em células do cérebro dos animais. Surpresa: não funcionou. O experimento foi repetido várias vezes, até os pesquisadores estarem convencidos: a expressão do Bmal1 nos músculos era mais importante para os padrões de sono do que no cérebro.
A hipótese dos cientistas é que os genes controlados pelo Bmal1 se comunicam com o cérebro o tempo todo, regulando o que chamamos de ritmo circadiano, ou o nosso relógio biológico.
Distúrbios de sono, como a insônia, bagunçam esse relógio a curto e a longo prazo. Só que, até agora, a maioria das pesquisas sobre o assunto era exclusivamente focada no cérebro. Com a revelação do papel dos músculos, todo um novo caminho de pesquisas e tratamentos foi aberto para os cientistas. O primeiro passo é descobrir quais genes, especificamente, são controlados pelo Bmal1, e como eles agem. E depois, entender se essa ação é tão similar entre ratos e humanos quanto imaginamos. Se for o caso, remédios que modulam a expressão de Bmal1 no corpo ser uma estratégia para dar reset e reequilibrar o ciclo circadiano e dar adeus à insônia. E tudo isso baseado só no muque.
Imagem de capa: Shutterstock/FOTOKITA
TEXTO ORIGINAL DE SUPERINTERESSANTE
Um thriller instigante e explicitamente sensual na Netflix para maratonar quando a correria do dia…
“Os médicos nos garantiram que eram apenas dores de crescimento, então acreditamos neles.", disse o…
Esta série que acumula mais de 30 indicações em premiações como Emmy e Globo de…
Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024 e um…
É impossível resistir aos encantos dessa série quentíssima que não pára de atrair novos espectadores…
A influenciadora digital Beandri Booysen, conhecida por sua coragem e dedicação à conscientização sobre a…