INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Cutting na Adolescência – Quando o sofrimento é sentido na pele.

A adolescência é uma etapa de desenvolvimento e de transição entre a infância e a idade adulta, caracterizada por uma série mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais.

Comportamentos de risco na adolescência podem significar dificuldades do jovem em lidar com suas emoções, expressando uma desorganização interna, podendo evoluir a um quadro patológico de diferentes intensidades, evidenciando-se uma intensa situação incômoda que não deve ser negligenciada pela família e profissionais da saúde.

    O cutting é um distúrbio emocional que se caracteriza por atitudes de automutilação provocando, de forma consciente, feridas no próprio corpo, em graus variados chegando até autoenucleação e a autocastração.

São mencionados na literatura como uma tentativa de lidar com emoções negativas, como frustração, desvalorização e rejeição.

Ao provocar dor física, permite um alivio de sentimentos negativos deslocando o foco do sofrimento e servindo como estratégia de regulação emocional. Desta forma a automutilação pode ser vista como uma forma de punição, onde o adolescente direciona para si mesmo a raiva que sente. Pode também ser uma forma de interromper estados dissociativos, de fuga da realidade.

O fato de o adolescente se autoferir de forma consciente permite exercer nas pessoas de seu convívio social algum poder, como forma de chamar atenção para seu sofrimento. Embora sem envolver intencionalmente ideação suicida o adolescente que se automutila está em maior risco de cometer suicídio.

Conclui-se que em maior parte dos casos, o cutting é usado como forma de compensar um sofrimento psicológico, onde a dor é transferida para o corpo, na tentativa de aliviar o sofrimento psíquico. Esta prática pode ser aferida durante o exame clínico realizado no adolescente, pois, é de suma importância que os médicos fiquem atentos aos sinais e sintomas físicos destes atos a fim de prevenir o agravamento de patologias relacionadas.

É de total importância reconhecê-lo como um transtorno mental que precisa de atenção e cuidado e, caso ocorra o diagnóstico é necessário estar preparado para amparar o adolescente, reconhecendo sua angústia e entendendo que grande parte do que está sentindo acontece devido à desorganização psíquica vivida nesta etapa que atravessa.

Malu Ribeiro Duarte

Psicóloga Clínica formada pela Universidade Católica de Pelotas, especializanda em Terapia Sistêmica para Indivíduos, Casais e Famílias

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