Por Danielle Luppi Colombari
Toda mãe sonha em amamentar o seu bebê. Pelo menos a maioria das mães têm esse sonho e 95% delas conseguem. Porém, existe uma margem de 5% das mães que não consegue, ou não pode amamentar os seus bebês por não produzirem leite suficiente ou, simplesmente, nenhum. Eu sou uma dessas mães que não conseguiu amamentar. Nunca achei que isso seria um problema e toda vez que eu pensava em amamentação eu achava que iria ser tranquilo e que eu iria amamentar durante um ano pelo menos. Sempre fui extremamente cautelosa com a minha saúde e, na gravidez, eu me tornei muito mais saudável do que eu já estive em qualquer outro momento da minha vida. Nunca achei que teria qualquer problema em produzir leite, porém eu tive.
Eu cheguei a produzir leite, mas não o suficiente para o meu bebê. Fiz de tudo (e quando falo tudo é tudo mesmo) para aumentar a minha produção de leite materno, mas nada adiantou. A decisão de começar a dar mamadeira foi muito difícil e, por muitos e muitos dias, questionei se estava fazendo o correto. Chorei muito, chorei de verdade. A dor no peito era muito grande, pois eu achava que não estava dando o melhor para o meu bebê. E sabe o que mais me preocupava disso tudo? A opinião das pessoas.
Eu pensava comigo mesma: o que as pessoas pensariam ao me verem dando uma mamadeira para o meu bebê. Será que elas achariam que eu era uma má mãe? Será que elas pensariam que eu não tentei o suficiente? E quer saber de uma coisa, muitas pessoas vieram falar comigo e conseguiram me fazer sentir pior ainda. Ouvi de várias pessoas comentários como “Nossa, você não conseguiu amamentar? Eu derramava leite…” ou “Menina, é só comer milho ou fubá”.
As pessoas podem ser más e, às vezes até sem perceber, gostam de nos fazer sentir menores. Vivemos em uma sociedade muito cruel que adotou vários padrões e nos vemos na obrigação de segui-los. As pessoas nos julgam e nós achamos que devemos agradar a todos. Assim como eu me vi na obrigação de dar satisfação e explicar o porquê de eu não estar amamentando.
Eu tive que aprender a não me importar com o que as pessoas diziam ou pensavam. Tive que me libertar destas correntes que me machucavam. Tive que aprender que não preciso sair por aí explicando o porquê de eu não conseguir amamentar. Só eu e meu marido é que sabemos o que passamos, não os outros. Eu aprendi que EU sou a mãe da minha filha e que sempre vou tentar tomar a melhor decisão para o desenvolvimento dela. Tive que aprender a amar as minhas decisões e a bloquear a opinião das pessoas. Mesmo que o tanto de leite materno que eu dei para o meu bebê não seja muito para os outros, mas para mim aquilo foi tudo, o meu tudo.
Eu dou tudo que tenho para a milha filha e sempre vai ser assim. Depois de 9 meses de gestação, 43 horas de parto, 6 dias no hospital por causa de uma dor de cabeça que tive depois do parto e um newborn em casa e todas as coisas para me adaptar, posso dizer que a amamentação foi a coisa mais difícil que já fiz na minha vida e uma das fases mais cruéis que já passei. Cruel porque as pessoas não te respeitam, as pessoas são extremamente intrometidas e invadem o seu espaço. Me senti julgada, observada e criticada. Olhares de negação e questionamento. Perguntas sem sentido e que me machucaram muito. Fiquei extremamente assustada e perdida.
Aí, junto com a minha reflexão e o apoio da minha família, também me apeguei a minha fé. Deus confortou meu coração e me ajudou a entender que eu eu não precisava amamentar para ser uma boa mãe. Ele me mostrou que eu já era uma boa mãe, amamentando ou não .
Então, eu resolvi bater a poeira dos pés e aproveitar o que eu tenho. Deixei de me focar no que não é possível e olhei para todo o amor que pulsava dentro de mim. Afinal, talvez o amor seja um alimento ainda mais poderoso para o futuro do meu bebê. E ele é.
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