O relógio circadiano influência até os nossos pensamentos e sentimentos. Em recente investigação, psicólogos mediram alguns dos efeitos no cérebro pedindo que pessoas fizessem testes cognitivos em horas diferentes do dia. Foi constatado, na pesquisa, que a influência do relógio biológico no funcionamento cerebral vinha de pessoas com condições como depressão e transtorno bipolar. Quem tem esses problemas geralmente sente dificuldade para dormir à noite ou sente-se zonzo durante o dia. Além disso, algumas pessoas com demência ficam confusas ou agressivas no final do dia. De acordo com a psicóloga clínica, Silvana Frassetto, os ciclos de sono e atividade desempenham um papel importante nas doenças psiquiátricas.
Ela explica que as células do corpo humano funcionam 24 horas do dia. O trabalho, no entanto, é dividido em duas fases, noite e dia, e é conhecido como ciclo circadiano. Comandado pelo cérebro, esse ciclo circadiano é o responsável por gerenciar o funcionamento do corpo – regulando, por exemplo, o apetite, os horários de sono e o humor.
Os neurocientistas lutam para entender exatamente como o relógio circadiano afeta nossas mentes. Afinal, os pesquisadores não podem simplesmente abrir o crânio de um sujeito e monitorar suas células cerebrais durante cada período do dia.
A Universidade da Califórnia em Irvine guarda cérebros doados para a ciência. Alguns de seus antigos donos morreram de manhã, alguns durante a tarde e outros de noite. Os pesquisadores selecionaram cérebros de 55 pessoas saudáveis cujas causas de morte foram súbitas, como batidas de carro. De cada cérebro, os pesquisadores fatiaram tecidos de regiões importantes para o aprendizado, para a memória e para as emoções.
No momento em que cada um morreu, suas células cerebrais estavam produzindo proteínas de certos genes. Como os cérebros foram preservados rapidamente, os cientistas ainda podiam medir a atividade desses genes na hora da morte. A maioria dos genes que examinaram não mostrou nenhum padrão regular de atividades no curso do dia, mas descobriram que mais de mil deles seguiam um ciclo diário. As pessoas que morreram na mesma hora do dia estavam produzindo os mesmos níveis de proteínas daqueles genes.
Os padrões eram tão consistentes que os genes podiam agir como um marcador de tempo. Em contraponto, os pesquisadores fizeram a mesma análise nos cérebros de 34 pessoas que tiveram depressões graves antes de morrer. Dessa vez, descobriram que o mesmo marcador de tempo estava bastante fora da ordem.
O neurocientista Collen A. McClung e sua equipe fizeram uma versão ampliada do estudo, examinando 146 cérebros recolhidos no programa de doações da universidade. Os pesquisadores publicaram os seus resultados no The Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os cientistas compararam os padrões da expressão genética do cérebro de jovens e velhos e descobriram diferenças intrigantes. Eles esperavam encontrar pistas para explicar por que o ciclo circadiano das pessoas mudava à medida que elas envelheciam. “Quando envelhecem, os seus ritmos tendem a deteriorar-se e a adiantar-se”, diz Collen.
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