Por Dr. Ivan Mario Braun
Desde o desafio da baleia azul, tem-se falado cada vez mais da depressão nos adolescentes. A depressão se caracteriza por uma constelação de sintomas e sinais incluindo:
Os sintomas apresentados pelos adolescentes são, basicamente, os mesmos dos adultos e a clareza da descrição que a pessoa consegue fazer do seu quadro, como nos adultos, vai depender da capacidade de auto-observação e da riqueza do vocabulário do paciente. Uma importante diferença, entretanto, em crianças e adolescentes é que, ao invés da tristeza, a manifestação principal pode ser de irritabilidade (1).
A prevalência observada de depressão em adolescentes vai de 3 a 8%, sendo que até o final da adolescência cerca de 20% terão tido algum episódio depressivo. É possível que, em países de baixa ou média renda, o quadro seja mais comum (2). Coerente com esta última observação, num estudo brasileiro conduzido entre 2005 e 2006, 20% dos adolescentes entre 14 e 15 apresentavam quadros de depressão leve a moderada e 8,9% depressão maior, assim como 13,5% daqueles entre 16 e 17 anos apresentavam quadros leves a moderados e 17,1% quadros de depressão maior (3).
Pessoas com depressão também podem apresentar com maior frequência outros quadros psiquiátricos, como as várias formas da ansiedade, abuso de drogas e transtorno de déficit de atenção-hiperatividade. Há evidências, também, de que o uso de drogas pode levar a quadros depressivos (2).
Além disto, a depressão pode ser consequente, algumas vezes, ao uso de alguns tipos de medicação como, por exemplo, os anti-inflamatórios do grupo dos corticoides (1). Quando se faz o diagnóstico da depressão, é muito importante investigar estes aspectos.
O comportamento irritável, a resistência em iniciar e realizar tarefas, o sono excessivo levando o jovem a permanecer muito na cama e a dificuldade de concentração podem levar os pais a pensarem que se trata de atitudes de rebeldia e contestação, comuns nesta faixa etária. É importante que a família procure uma orientação psiquiátrica para que seja feito o diagnóstico diferencial entre problemas comportamentais e um transtorno depressivo.
De modo geral, as boas práticas de parentagem recomendam que os pais fiquem sempre próximos aos filhos, tanto na abertura para conversas, quanto no acompanhamento dos estudos e no conhecimento de seu dia-a-dia (4). Quanto melhor conhecem sua filha ou filho, tanto menor a probabilidade de os pais serem pegos de surpresa por problemas graves.
Em caso de suspeita de depressão, deve-se sempre consultar um psiquiatra, que é o profissional que tem a formação mais completa e adequada para dar as devidas orientações nesses casos.
Imagem de capa: Shutterstock/Lopolo
TEXTO ORIGINAL DE MINHA VIDA
Referências:
1. American Psychiatric Association. (2013). Sim sim
2. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Washington, DC.
3. Anita Thapar (Editor), Daniel S. Pine (Editor), James F. Leckman (Editor), Stephen Scott (Editor), Margaret J. Snowling (Editor), Eric A. Taylor (Editor) Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry 6th Edition (2015), Chischester, RU (Kindle edition)
4. Coelho CL, Crippa JA, Santos JL, Pinsky I, Zaleski M, Caetano R, Laranjeira R. Higher prevalence of major depressive symptoms in Brazilians aged 14 and older. Rev Bras Psiquiatr. 2013 Apr-Jun;35(2):142-9.
5. Steinberg L The 10 Basic Principles of Good Parenting (2005). New York, EUA 207 p.
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