A Depressão, doença popularmente conhecida e retratada pela sociedade atual consiste em um processo de adoecimento no qual o sujeito é alienado de si próprio e anestesiado de sentir o prazer e o gosto pela vida, entrando em um estado de insensibilização.
Os sintomas psicológicos mais comuns da depressão são: desânimo profundo, desligamento das pessoas e atividades que antes sentia como prazerosas, inibição e isolamento, auto recriminação, etc. Existem também em sintomas fisiológicos: energia diminuída, problemas de concentração, insônia ou sono em excesso, dores no corpo, dores de cabeça, outras dores crônicas, entre outros.
Podemos pensar que a depressão representa o fracasso do sujeito diante das outras pessoas, com a necessidade de fugir, de esconder-se da realidade e de desligar-se das expectativas e do desejo, por não suportar mais viver em meio a tudo aquilo que vive. Viver em “depressão” significa viver submerso em um vazio interior, diante de uma falta impreenchível. Uma falta que impede o sujeito de enfrentar os desafios que a realidade impõe, sentindo-se abatido e impotente.
No entanto, um momento de tristeza, de luto ou uma fase de estagnação não significam que o desenvolvimento humano não esteja acontecendo pelo simples fato de não ser visível aos olhos. Assim como quando bebês, podemos necessitar de um período de ‘gestação’ e reserva, antes de nos vir à luz insights e transformações.
Nesse sentido devemos ter cuidado para não banalizar a depressão, ao mesmo tempo em que devemos reconhecê-la como uma doença incapacitante e que merece o cuidado daqueles que dela sofrem.
Talvez a ausência de desejo seja aquilo que impede o sujeito com depressão de reparar sua falta. Assim, o desejo pode ser considerado como sendo a riqueza do ser humano, aquilo que emerge através da falta. Portanto, sem falta não há desejo e sem desejo não há sujeito. O depressivo é alguém que sente a falta, mas abre mão do seu próprio desejo, perdendo a capacidade de desejar.
Na sociedade capitalista em que vivemos o mercado cria necessidades e desejos de consumo nos fazendo acreditar que é possível eliminar toda a falta, o que não é verdade. A tristeza é uma emoção tão essencial quanto a alegria para nossa evolução emocional. Sob o rótulo de doente depressivo, o sujeito pode sentir-se protegido e poupado de atingir os ideais de produtividade e onipotência da cultura vigente, recusando a submeter-se e a adaptar-se às demandas sociais e ao cenário em que se encontra.
Na urgência em curar-se de seu sofrimento, o sujeito depressivo acaba, muitas vezes, buscando salvação em um tratamento exclusivamente medicamentoso, evitando o enfrentamento de suas questões subjetivas, o que seria de suma importância para compreender e elaborar seu sofrimento e retomar o desejo pela vida.
Talvez um processo de psicoterapia possa trazer ao sujeito a possibilidade de remediar o próprio sofrimento também através da palavra, para resgatar a capacidade de desejar e sustentar o próprio desejo, vislumbrando novas possibilidades diante da falta que sente…
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