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Desafios da Alfabetização: Ensinar a ler e escrever

O processo de alfabetização ainda é um dos maiores desafios da educação, e às vezes traz consigo dúvidas e ansiedades por parte dos pais e educadores.

Não que este seja um trabalho difícil e duro, no entanto é necessário analisar os procedimentos a partir da compreensão da maturidade, vivência e interesse dos alunos.

Para melhor refletir sobre o assunto, vamos voltar um pouco e relembrar no bebê que aquela criança foi um dia, aquele pequeno sujeito que aprendeu a ler o mundo com suas mãos, ouvidos, boca… Experimentando cada nova sensação ao esticar seus braços, ao dar os primeiros passos e ao perceber os sorrisos dos adultos ao falar as primeiras palavras. Tudo isso foi aprendizagem!

O bebê cresceu, e este miúdo já na Educação Infantil foi apresentado às cores, aos blocos, aos animais, descobriu que havia vários planetas… E a cada descoberta o mundo parecia novo, era tudo tão legal que era preciso dividir toda aquela informação com os pais, com os amigos, e a criança passava horas contando o que tinha visto e feito na escola com entusiasmo. Algumas crianças nesta fase já começam a reconhecer letras e é comum ouvirmos vários “olha é o M de Maria, ou o meu nome também tem o A…”.

Ao ingressar no Ensino Fundamental, a criança é apresentada ao desafio da leitura, da escrita, da adição e da subtração, e este é o momento crucial em que é necessário atentar-se às condições do aluno, verificando suas habilidades para, a partir daí, começar a alfabetização.

“A primeira impressão é a que fica” certo? Imagine então, se alfabetizarmos rigidamente em um modelo engessado com muitas cobranças, sem tolerância ou espaço para erros. As crianças assimilarão o aprender com algo ruim, a leitura ficará longe de ser prazerosa e a escrita será uma tortura.

Sendo assim, como tornar as aulas atrativas, alegres e agradáveis a ponto de despertar no aluno o interesse e o reconhecimento da importância do aprender?

Fanny Abramovich, pedagoga e escritora de literatura infantil, defende que cabe ao professor aguçar a vontade de ler e escrever, sua imagem e sua postura tem grande influência nesta fase da aprendizagem.

No livro Professor não duvida, duvida? , a autora compartilha a experiência de descrever para um artigo da Revista Nova Escola sobre sua professora inesquecível, e dentre inúmeros professores das quais ela descreve muito bem, a professora que ganhou a memória do artigo foi aquela que deu aula à Fanny no terceiro ano do Ensino Fundamental, descrevendo a professora como uma mulher grande, enorme, severa, sempre com os cabelos presos em coque no alto da cabeça, que nunca sorria ou dava um afago. Quando saia da sala pedia para um aluno (um bom aluno) olhar a sala, usava sempre a caneta vermelha sublinhando e riscando tudo.

O mais interessante na experiência de Abramovich é que, anos depois, encontrou aquela professora nos corredores de outra escola e descobriu que a imagem que sempre estivera na sua cabeça não correspondia com o que seus olhos presenciavam naquele momento, porque naquele momento, a figura da professora esta destituída do medo. “Foi aí que compreendi o que significa a proporção afetiva para a criança (…) não lembro mais o que ela ensinou, mas me lembro o que senti, os medos e a rigidez que vivi (…) Com ela aprendi exatamente o que eu não queria ser.”

Pois bem, em concordância total com Fanny, realmente cognição e emoção andam juntas e cabe a nós educadores fazer do ensino uma arte. Contar histórias como se realmente tivesse vivendo o conto. Escolher um livro baseado na realidade das crianças e estuda-lo antes de ler com os pequenos. Evitar a voz monótona na sala de aula, ao contrário, usar a voz como forma de contagiar as crianças. Propor atividades e interpretações de acordo com as condições intelectuais e sociais das crianças. Inovar e renovar sempre!

Na hora da escrita, a cópia precisa ser inteligente e pessoal, para que todo mundo precisa copiar o mesmo texto? Por que não copiar somente a parte que faz sentido para mim? Ou ainda, por que não reescrever com minhas próprias palavras? Tem mesmo que ser um texto? Por que não usar uma revista em quadrinhos? Ou aquela música que as crianças adoram…

Se em cada atividade apresentarmos motivos para os alunos, motivos estes que fazem sentido e trazem vantagens às crianças, certamente a aprendizagem fluirá de forma serena e equilibrada.

A aprendizagem precisa ser natural e por isso não precisamos força-la, ela simplesmente acontece!

 

Aline Patrícia

CRP: 06/131954 - Psicóloga com atuação clínica, Pedagoga e Pós-graduanda em Neuropsicologia.

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