A depressão é um transtorno psiquiátrico que afeta milhões de pessoas no mundo todo e chega a ser considerada o mal do século pelos especialistas. Ela é do tipo de doença que pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sua classe social, cor, orientação sexual, religião, enfim. Qualquer pessoa em qualquer contexto, apesar de haver casos onde pessoas tem mais predisposição do que outras. Essa doença pode se tornar cada vez mais grave se não for devidamente tratada e reconhecida, culminando na pior coisa: suicídio.
E mesmo assim, mesmo assim, a depressão ainda é encarada como frescura, simples pessimismo ou até mesmo falta de caráter. É encarada como uma doença de poucos, ou nem mesmo como doença, o que faz com que muitas pessoas por aí sofram com ela sozinhas, sem nenhum tipo de ajuda ou tratamento. Por isso então resolvi explicar o que é exatamente a depressão e dar dicas não só para quem está passando por isso agora, como também pra quem tem amigos e parentes nessa situação. Vamos lá.
A depressão é uma doença neurobiológica, ou seja, pelo o que foi descoberto até agora ela é causada pela falta de produção de neurotransmissores responsáveis pelo bem estar, pelo sono, pela dor, apetite e por aí vai. Ela é uma alteração na química do cérebro, mas é totalmente influenciada pelo estado mental e fisiológico da pessoa. Isso significa que a depressão pode surgir de situações como a perda de alguém ou do emprego, desastres naturais, preconceito, doenças como câncer e diabetes (por serem graves/crônicas tem um peso maior no psicológico da pessoa) e até mesmo crises existenciais. Pode surgir a qualquer momento, em qualquer situação que esteja sendo difícil pra pessoa lidar.
Daí vem os sintomas: humor deprimido (sentimento de vazio, tristeza, desesperança), falta de interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades que costumava fazer, muito ou pouco sono (aí entram as insônias), falta ou excesso de apetite que acarretam em ganho ou perda de peso daquelas de todo mundo notar, cansaço ou perda de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, dificuldade de se concentrar, de se lembrar das coisas em geral e de tomar decisões, além de pensamentos sobre morte e/ou suicídio, com um plano específico ou não.
Agora, se você se reconheceu nesse post, a primeira coisa que eu digo é: procure ajuda. Não pense que isso vai passar sozinho, ou que é bobeira. A depressão tem níveis que variam de leve, onde a pessoa passa por tudo isso mas ainda consegue ser funcional no seu dia a dia, até grave, quando ela já não consegue mais cuidar de si mesma ou se levantar para fazer o mínimo. Quanto maior a demora para iniciar o tratamento, maiores as chances do quadro piorar, além do risco de vida que a pessoa pode correr por conta dos pensamentos suicidas. Então independentemente de o seu grave for leve ou não, procure um psicólogo e um psiquiatra.
A depressão é tratada com terapia psicológica e farmacêutica (até porque como eu disse lá em cima, ela tem também caráter neurobiológico). Um não funciona bem sem o outro, principalmente nos casos graves, então é muito importante que você invista nas duas frentes. Eu sei que bancar uma terapia ainda é muito difícil pra maioria das pessoas, principalmente pra quem tem pouco poder aquisitivo, pois é custoso e ainda demanda tempo, mas nem tudo está perdido e há alternativas. Todas as faculdades que possuem o curso de Psicologia oferecem um serviço de psicologia aplicada, onde estagiários atendem a população (sendo devidamente supervisionados por profissionais) por preços acessíveis. Também há clínicas de profissionais que oferecem atendimento social, também com preços acessíveis. A lista com esses locais aqui no Rio (que é o que conheço direitinho) está no final do post, mas você pode encontrar na sua cidade também, dê uma pesquisada.
Há algumas coisas que podem ajudar a você a ficar um pouco melhor, ou pelo menos não piorar enquanto não consegue ajuda profissional. Quando estiver muito mal, consumido por sentimentos e pensamentos muito ruins, busque uma distração. Alguma atividade que te impeça de ficar divagando nos pensamentos e que exija sua concentração total, de preferência algo que você ainda sinta prazer em fazer. Dar uma freada nessa espiral negativa é muito importante, porque a pessoa consegue se acalmar e por em prática a dica número dois: pensar alternativas.
Quando a coisa está feia |
A gente costuma tirar conclusões sobre situações e atitudes das pessoas com base nas impressões que nós temos, que são totalmente baseadas no nosso estado de humor e em como estamos vendo o mundo no momento. Então se você está vendo o mundo e as pessoas por uma ótica positiva, você vai tirar conclusões positivas. Mas se estiver pendendo pro negativo…a tendência é distorcer tudo, e essas distorções são um combustível danado pra depressão. Quando tiver se acalmado do que quer que tenha funcionado como gatilho emocional (coisas que disparam ansiedade ou pensamentos depressivos), pense em que outras conclusões podem ser tiradas.
Se sua amiga não falou contigo o dia inteiro, será que é porque você disse algo errado e agora ela está chateada ou é porque ela passou o dia trabalhando e não pode ver as mensagens? Se seu chefe fez uma crítica, será que é porque você é um fracassado ou porque ele acredita que você tem potencial pra fazer algo ainda melhor do que foi feito? Questione cada pensamento negativo, cada conclusão que reforça as ideias ruins que você tem de si mesmo. Acredite, ajuda pra caramba.
E o mais importante: se abra, desabafe. Procure as pessoas importantes na sua vida e conte a elas o que está se passando com você. Se te perguntarem se está tudo bem, seja sincero. Pra que possam te ajudar, é preciso que saibam o que está acontecendo, porque nem sempre é possível perceber.
É comum pessoas com depressão tentarem esconder tudo atrás de um comportamento considerado “normal” |
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