Convivemos com um velho comportamento, que tem um enorme prazer de complicar o nosso cotidiano, que se chama pessimismo. É aquele mórbido estado de espírito contrário ao otimismo, em olhar a vida sempre pelo lado agourento do mundo dos adultos.
O pessimismo não tem líderes. Trata-se de um movimento individual com uma forte disposição mental e emocional de encarar a vida e de sempre esperar dela o pior, com o desejo de “azedar” o nosso cotidiano, seja na empresa, na escola, na família, nas relações amorosas, etc.
Na filosofia refere-se às doutrinas adeptas da supremacia do mal sobre o bem, que adotam atitudes de escapismo e imobilismo. Manifesta-se através de um sentimento ruim, que pode sobrepor às coisas boas da vida, entre elas: alegria, amizade, solidariedade e parceria. Essa é uma visão que insiste em minar qualquer possibilidade de resultado positivo de felicidade individual e coletiva.
A vida com seus altos e baixos impõe uma série de obstáculos, esperando soluções aos nossos desafios. Aliás, se tiver um ou mais pessimista em nossas relações, as dificuldades irão ficar mais pesadas para se resolver. O cético acredita – que tudo vai dar errado – e quer nos contaminar com esse pensamento em relação à vida e ao mundo.
O pessimista é portador de doses cavalares de ressentimentos, que acaba colocando a culpa nos pais, no cônjuge, no terapeuta, no médico, no patrão, no padre ou até mesmo em Deus ou nas divindades. Ele necessita de ajuda terapêutica e espiritual para curar a origem inconsciente dessa incredulidade.
A diferença psíquica entre o pessimista e o otimista, é que o primeiro vê dificuldade em cada oportunidade e o segundo enxerga oportunidade em cada dificuldade e não sofre por antecipação por causa disso.
Por exemplo, o pessimista visita um amigo doente no hospital e comenta: “Ele está doente, acho que vai morrer. E o otimista visita o mesmo amigo e diz: “Segundo os médicos e a família ele está melhorando, fico feliz por isso.”
Portanto, o otimista não é uma pessoa que tenta “tapar o sol com a peneira”, desejando adiar as responsabilidades de resolver as coisas no presente para o futuro. E não utiliza métodos indevidos para tentar ocultar os problemas.
Mas não devemos acreditar que ser otimista é a solução “mágica” das adversidades. Juscelino Kubitschek tinha um lema sobre isso: “Otimista pode até errar, mas o pessimista já começa errado”. O ex-presidente enfrentou uma forte oposição ao construir Brasília, que foi erguida no meio do cerrado, em menos de quatro anos, a partir de uma concepção modernista de urbanismo e arquitetura.
O antídoto para o pessimismo é não sofrer por antemão ou ficar paralisado, deixando que o medo tome conta da nossa vida. O escritor Fernando Sabino tem uma constatação sagaz: “O otimista erra tanto quanto o pessimista, mas não sofre por antecipação”.
Imagem de capa: Shutterstock/Mila Supinskaya Glashchenko
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