Diferenciar quase-necessidades de necessidades psicológicas e sociais

Tornou-se cada vez mais frequente ouvirmos frases do tipo: Não era bem isso que eu queria? Achei que quando alcançasse seria diferente. Lutei tanto, mas agora não vejo nenhuma graça. Sonhei tanto com isso, só que agora… O que todas essas frases tem em comum? Já te explico: O que elas tem em comum é o desapontamento, a decepção, geralmente após terem alcançados alguma coisa que durante algum tempo lhes pareceu sendo imprescindível para sua felicidade e realização. Contudo, depois de conquistadas a motivação perde força, o interesse desaparece. Isso se de pela quase-necessidade.

As quase-necessidades é bem explicada por Johnmarshall Reeve em seu livro Motivação e Emoção (2004), é um livro muito didático onde descreve as diversas teorias que tratam o tema motivação, e em especial os enfoques que tratam das necessidades. Neste aspecto as necessidades tem sido as explicações mais efetivas nos estudos da motivação, descrevem que temos as necessidades fisiológicas (sede e fome), psicológica (autonomia, competência e relacionamento – pertencimento ) e sociais (realização, poder, afiliação e intimidade), estes três tipos de necessidades, assim se enquadram, pois nos impulsionam durante toda a nossa vida. Embora podem variar de intensidade por diversos fatores, a motivação continua ao longo da vida. Já as quase-necessidades são vontades e desejos induzidos por uma determinada situação e que, na verdade não são necessidades no sentido completo com as necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais. São assim chamadas porque de algumas maneiras lembram necessidades verdadeiras (Reeve, 2004). Ela não é essencial a vida e quando obtém-se o desejado a energia motivacional desaparece, sua origem está ligada a ambientes situacionais que promovem dentro das pessoas um sentido psicológico de pressão e de urgência, direcionando para uma resposta de aliviar a pressão, geralmente oriunda do ambiente externo e que não necessariamente irá promover a realização e/ou crescimento.

Exemplificando um pouco a teoria:

Supõe-se que dois estudantes iniciaram o curso superior. O estudante João tem como aspecto motivacional a realização. Iniciar uma faculdade é uma grande realização, só que não é o suficiente, ele quer mais. Quer ser um bom acadêmico, quer ter bons desempenhos, que ser formar, quer ser bom profissional. E, nesse caminho a busca pela realização o acompanha ao longo da vida. Já um outro estudante o Joaquim, ingressou na faculdade por uma pressão do ambiente, todos diziam que ele deveria fazer uma faculdade, tomar um rumo na vida. Ele até acredita que seja importante e realmente se esforçou para ingressar em um curso superior. Mas o desejo era ingressar, alcançou não tem mais tanta dedicação é como se a energia que tinha para ingressar na faculdade de uma hora para outra desaparecesse, isso é uma quase-necessidade.

Outro exemplo se dá quando alguém em iniciar um relacionamento, mas quando conquista desanima – quase-necessidade. Pelo contrário se o que o levou a buscar a relação foi a busca de intimidade, quando mais se conhece e se envolve com o outro maior a necessidade de se conhecer e se envolver.

Saber diferenciar quase-necessidades das necessidades psicológicas e sociais, constitui sim um passo importante para se alcançar felicidades e realizações. Visto que a energia é direcionada para a busca constante do crescimento, e não para minimizar pressões externas. Lembrando uma parte da música de Raul Seixas (Ouro de tolo) “Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que quis. Mas confesso que estou decepcionado”. Esse é um bom exemplo das quase-necessidades, veja o que promove o seu crescimento, busque as necessidades psicológicas e sociais e reflita as pressões do meio se até que ponto elas promovem o meu bem estar e me auxiliam a alcançar experiências felizes.

Manoel Rodrigues Leite

Psicólogo, mestre em Estudos Fronteiriços, professor em cursos de graduação e pós-graduação, palestrante e escritor: autor do livro “O Amor e o Medo”.

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