O documentário “A Vida em Mim”, disponível na Netflix, inicia sua jornada explorando uma condição incomum conhecida como síndrome da resignação, que afeta crianças em torno dos dez anos de idade, provenientes de famílias imigrantes buscando refúgio em países como a Suécia. Este fenômeno intrigante parece ocorrer com maior frequência entre aqueles que buscam asilo na Suécia.
Os sintomas dessa síndrome começam com a criança se tornando silenciosa, seguida pela recusa gradual em comer e, finalmente, a completa apatia em relação ao mundo ao seu redor. Elas se tornam imóveis, sem se alimentar ou beber água, de olhos fechados, e parecem estar em um estado semelhante ao coma.
Os médicos se veem perplexos diante desse distúrbio, sem conseguir explicar suas causas, origens ou mesmo como as crianças conseguem se recuperar desse estado. Algumas delas conseguem se recuperar após longos períodos de inatividade, às vezes superando mais de um ano nesse estado.
No entanto, quando o problema começou a ganhar destaque na mídia, políticos conservadores tentaram desacreditar as crianças, espalhando falsas informações de que estavam fingindo ou que seus pais as estavam envenenando. Mais tarde, exames médicos comprovaram a gravidade da condição dessas crianças.
Uma possível explicação para a síndrome e sua prevalência na Suécia é que essas crianças testemunharam atrocidades em seus países de origem e estão tentando deixar o passado para trás ao recomeçar suas vidas no novo país. No entanto, o governo sueco tem se tornado cada vez mais restritivo em relação à concessão de asilo, adotando políticas mais duras devido a uma crescente hostilidade contra imigrantes.
Diante de um futuro incerto e com medo de retornar aos seus países de origem, essas crianças parecem entrar em um estado de “modo de segurança”, desconectando-se do mundo ao seu redor até que as coisas melhorem. O documentário destaca o caso de uma criança que se recupera após um longo período de inatividade, mas que não tem nenhuma lembrança desse tempo, questionando se estava dormindo durante esse período.
Os cineastas John Haptas e Kristine Samuelson optam por uma abordagem narrativa concisa, revelando poucos detalhes sobre os refugiados retratados no curta-metragem de 40 minutos. Das três famílias entrevistadas, apenas uma é identificada como yazidi, uma etnia perseguida pelo Estado Islâmico no Iraque, enquanto as outras parecem ter escapado de conflitos nos Bálcãs, embora essa informação não seja clara.
No geral, “A Vida em Mim” oferece uma visão comovente do sofrimento enfrentado por refugiados do Leste Europeu e do Oriente Médio, ainda que deixe a desejar em termos de profundidade e detalhamento das histórias individuais apresentadas.
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