Ao falarmos sobre álcool e drogas, é inevitável percebermos que o impacto dessas substâncias vai muito além do próprio usuário. O abuso das drogas atinge 28 milhões de famílias brasileiras segundo o LENAD (Levantamento Nacional de famílias de Dependentes Químicos/UNIFESP). É preciso questionarmos como o uso recreativo se transforma em abuso e logo em dependência química.
O início do uso comumente é recreativo. Crianças crescem vendo seus pais tomar cerveja com os amigos sem conflito, pois todos acreditam que ela funciona para se soltar, se alegrar, aliviar angústias e até entrar em contato com algo reprimido que, sem a substância, não seria possível.
As outras drogas são então atraentes pela velocidade de obtenção dessa sensação, variando seus efeitos. Inúmeras são as narrativas de que através da droga o sujeito se sente mais forte, corajoso, poderoso…
Após a experiência recreativa, se a pessoa não está relativamente bem consigo, o uso torna-se uma necessidade, forma de esconder e não cuidar de suas angústias, de maquiar uma autoestima frágil ou, ainda, companhia para uma ideia solitária de inferioridade. Normalmente, acabamos assistindo a mudança de usuário para dependente… Isso muda tudo!
O uso contínuo das substâncias cria no cérebro a informação de que a sensação prazerosa deve ser repetida, passando de uma mera “vontade” para compreensão de que o corpo dá prioridade àquela satisfação.
Determinante na dependência não é o fato de ele “ter” tudo (casa, família, dinheiro, estudos) ou não ter nada disso, e por isso teria virado dependente químico. Essa história não se constrói sozinha. De alguma forma, aquele indivíduo ficou sem contorno, preenchido por coisas soltas dentro dele; ou limitado, “representando” uma demanda familiar, que seu ego se tornou enfraquecido e todas as suas crenças negativas sobre si ganham força.
As relações sofrem com as manipulações, que além de uma forma de sustentar o vício, também alimentam a ideia de domínio, poder e conquista que ele supõe exercer quando consegue o que quer, já que a ideia de controle é impossível sustentar!
Quando ele ainda não se dá conta da dependência, sua frase de onipotência é “eu paro quando eu quiser”. Mas essa onipotência se perde, e ele transfere essa fantasia para o domínio não mais da droga e sim dos outros.
Assim, todo dependente tem seu codependente, que, sem perceber, alimenta um jogo patológico onde as dificuldades de todos os envolvidos são postas à prova em cada situação de risco, seja quando o NÃO fica silenciado, a necessidade de cuidar dele impossibilita a abstinência ou ainda quando a exigência pela recuperação esquece de considerar o contexto de todos que adoecem juntos e o dependente químico se torna o bode expiatório.
Considerar todas as variáveis, favorecer o cuidado e a atenção aos envolvidos e não apenas ao dependente químico, aprender a manejar as fragilidades e potencializar as bases positivas das relações precisam ser o esqueleto de cada projeto terapêutico dessas famílias, que precisarão aparar todas as arestas para lutar contra possíveis recaídas.
Apenas quando o núcleo daquele dependente é tratado, com todos os envolvidos na construção da fragilidade que gerou esse sintoma, é que as chances de sucesso nos tratamentos aumentam. É muito importante que o usuário não se transforme num alvo fácil de acusações e depósito das negações familiares.
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