A nossa atitude perante o outro pode assumir um vasto repertório de respostas. Aqui neste texto vou dividi-las em duas classificações, dois modos de ser perante o outro, os quais são muitos comuns. Um modo de ser, digo que é uma atitude valorativa, ela se refere a quando observarmos um fato ou ouvimos uma história e, imediatamente, valoramos este fato como bom ou ruim, certo ou errado, bem ou mal. O segundo modo de ser ao qual me refiro é a atitude compreensiva: em vez de valorarmos um fato, buscamos compreendê-lo.
Para compreender melhor, podemos citar um exemplo: um amigo conta que brigou com alguém, se estivermos sintonizados no primeiro modo, provavelmente, vamos analisar as circunstâncias e procurar avaliar racionalmente se a motivação da briga foi justa ou não, se trará algum benefício, etc. No outro modo de ser, o compreensivo, busca-se compreender os motivos individuais subjetivos que o levaram a tomar a atitude, como seu amigo está se sentido com a situação.
As duas atitudes são socialmente importantes. A primeira é importante para a produção de nossos valores éticos, para a formação do certo e do errado socialmente, do tolerável e do intolerável. Porém, a segunda atitude é importante para possibilitar o crescimento pessoal, para ajudar a pessoa na compreensão de si mesmo, como observaram o psicólogo Carl Rogers, criador da Abordagem Centrada na Pessoa, e, mais tarde, seu aluno, Marshall Rosenberg, criador da Comunicação Não-Violenta.
Continuando a usar o exemplo, o amigo que tem uma atitude valorativa como resposta, provavelmente, vai manter uma atitude defensiva e buscar todas justificativas racionais para sua ação. Tendo como resposta a atitude compreensiva, o amigo vai poder abrir-se para o seu interlocutor e, assim, abrir-se para si mesmo, talvez, inclusive, percebendo aspectos na sua experiência que não tinha se dado conta. Por exemplo, pode concluir que está vivendo sobre forte estresse no trabalho, que a pressão por resultados está fazendo com que ele esteja sempre ansioso, incapaz de relaxar e que isso pode estar levando a ele a fazer coisas que não considera correto. É possível que todos já tenham vivido essa experiência, de ser escutado em algum momento, e experienciado essa capacidade transformadora da escuta compreensiva.
A primeira atitude, a valorativa, é centrada em si mesmo, e a segunda atitude, a compreensiva, é uma atitude empática, na qual “saímos de nós mesmo” e vemos o mundo pela perspectiva do outro, suas motivações, sentimentos e pensamentos sobre o ato. Na verdade, tentamos assumir a perspectiva do outro, nunca conseguiremos assumi-la por completo, é sempre um exercício de tentativa e esforço, talvez, este seja um dos motivos que deixa esta atitude mais difícil que a primeira. Assim, por isso, tendemos a ter a primeira atitude como natural, espontânea, e a segunda necessita de esforço consciente.
Porém, é certo, que tal esforço vale a pena, assim podemos ajudar a pessoa em seu caminho de crescimento pessoal, seja um familiar, amigo ou até mesmo um desconhecido.
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