O mês de setembro chegou ao fim. Durante todo este mês rolou a campanha “Setembro Amarelo” em diferentes países do mundo apoiada pela IASP (Associação Internacional de Prevenção ao Suicídio). No Brasil a campanha é impulsionada, principalmente, pelo CVV (Centro de Valorização da Vida – ligue 141), pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), além de diferentes profissionais da saúde.
O objetivo da campanha é conscientizar a todos sobre a importância da PREVENÇÃO AO SUICÍDIO (ato de tirar a própria vida).
Pesquisas apontam que em média 32 brasileiros cometem suicídio a cada dia.
O suicídio no Brasil é considerada a 3° maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos (atrás de homicídios e acidentes). Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) 9 em cada 10 suicídios poderiam ser prevenidos.
Mas, como podemos prevenir o suicídio?
Podemos prevenir o suicídio ao reconhecer possíveis sinais e sintomas que são considerados “GATILHOS” ou motivadores do ato suicida, como por exemplo:
– Fatores externos precipitantes: acontecimento brusco, perdas desestabilizadoraras (de alguém importante, de um emprego, rompimento amoroso, etc), queda no padrão econômico, dívidas, entre outros.
– Fatores internos: sofrimento ao vivenciar abusos, violência, bulling, abandono, rejeição, entre outros.
-Fatores genéticos e sócio-culturais: traços de personalidade e doenças mentais (por exemplo, depressão, psicoses/esquizofrenia, transtornos de humor, abuso de substâncias psicoativas).
Alguns FATORES DE RISCO associados a estes gatilhos que podem ser considerados sinais de alerta para o suicídio são:
– intenso sofrimento psíquico
– tentativas anteriores
– histórico de suicídio na família
– acesso a meios ou a determinados instrumentos (medicamentos, armas)
– histórico de automutilação ou práticas autodestrutivas
– mudanças de hábitos ou comportamentos
– isolamento social
– verbalizar estar disposto a desistir (pessoas que se sentem um “fardo” para família e amigos)
– ausência de uma rede de suporte familiar e social.
O sujeito suicida geralmente quer acabar com a dor e não com a vida. Por isso é muito importante que a dor possa ser expressa.
Falar sobre o suicídio ainda é considerado um TABU em muitos contextos.
É comum que ao ter conhecimento de outras mortes violentas, como por exemplo homicídios e acidentes, as pessoas se sintam comovidas, consternadas e empáticas. Mas, diante de um suicida podem existir repúdio e manifestações de descrédito, como por exemplo: “É um louco que quis chamar atenção”, “É pura falta de Deus”, “Quem quer se matar não avisa”, “Fazer isso por causa de Fulano com tanto homem/mulher no mundo”.
Os estigmas mostram que tentativas de suicídios contrariam a lógica médica de preservar a vida é também os princípios cristãos, além de desafiar a lógica capitalista de consumo e ideais de gozar a vida.
Infelizmente pré-conceitos não ajudam em nada para o sujeito que sobrevive ao suicídio.
COMO POSSO AJUDAR?
Ao se deparar com alguém que se percebe abandonado e sem ter a quem recorrer para apoia-lo em sua dor, que se vê incapaz de atender a determinadas exigências e pressões externas, que não se sente suficiente para o que quer que seja e esteja em sofrimento emocional, procure:
– ESCUTAR o que ele(a) possa ter a dizer, caso esteja verdadeiramente disposto a mostrar real interesse no outro.
– fazer encorajamentos e refletir junto com a pessoa novas possibilidades.
– enfatizar aspectos positivos e potenciais da pessoa.
– afirmar que você também já falhou.
– questionar possíveis sofrimentos posteriores a atos autodestrutivos.
– incentivar a pessoa a procurar ajuda profissional ou até mesmo ajudá-la a fazer isso.
Lembre-se de respeitar a condição emocional do outro. Não minimize uma dor que não é a sua.
FALAR diminui significativamente a o risco de suicídios. O ato vem no lugar do dizer, quem não diz atua e produz sintomas.
Não tranque suas palavras. Não sufoque suas emoções.
O mês de setembro acabou mas a prevenção ao suicídio precisa continuar…
Para maiores informações da campanha acesse:
setembroamarelo.org.br
cvv.org.br
abeps.org.br
Imagem de capa: Shutterstock/Chinnapong