O olhar do psicólogo e do analista para o sofrimento do paciente é diferente do olhar do médico.
A Psiquiatria e a Psicanálise são áreas do conhecimento humano distintas, mas que podem contribuir uma com a outra. Isso faz com que, enquanto cada uma tem um enfoque e uma ética diferente e importante, podem se enriquecer mutuamente a partir do momento que se permitem interrogar sobre suas diferenças.
Vou falar do enfoque psicológico e psicanalítico que é a minha área de atuação.
Na clínica psicanalítica, o “doente” é tratado como sujeito, sujeito de um discurso, sujeito desejante, sujeito único e singular, sujeito cujo sintoma tem algo a dizer, algo que é só dele.
Dizemos, então, que o saber psiquiátrico é um saber generalista, que classifica, a seu modo, o paciente em um diagnóstico (de acordo com o DSM V – Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais) e o trata com medicamentos, ou seja, a partir da terapêutica farmacológica.
Já o saber psicanalítico é um saber particular, que dá voz ao paciente, pois acredita que ele sabe mais de si do que qualquer pessoa, e que existe uma participação (em nível inconsciente) naquilo que lhe ocorre.
Ao encontrar o caminho do seu desejo, o paciente passa a falar por si mesmo e deixa de se apegar aos rótulos e classificações, assumindo a responsabilidade por sua felicidade e pagando o preço de suas escolhas.
Um diagnóstico pode limitar a visão que o paciente tem de si mesmo e diminuir a capacidade de ele se relacionar com os outros como um sujeito.
Ali onde foi dado um diagnóstico, existe uma história para contar. A psicoterapia psicanalítica possibilita uma construção interpretativa desta história, acrescentando ao diagnóstico genérico um sentido singular.
Para que o sintoma faça sentido, é necessário, portanto, tornar consciente o inconsciente. E isso requer ao sujeito questionar o seu modo de viver, estar disposto a olhar para a dimensão desconhecida de si mesmo e quebrar o ciclo repetitivo que o leva sempre ao mesmo lugar.
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