Por André J. Gomes
Funciona assim. De tudo o que acontece no mundo, quase nada é do jeito que a gente esperava. Não é mesmo. Nunca vai ser. Com exceção do nosso próprio nariz, nós não mandamos em nada!
Para a nossa vontade estão pouco se lixando o clima, as alterações do mercado, o movimento das águas, o destino e suas reviravoltas, o preço do pãozinho e tudo quanto há no mundo para além de nosso domínio geográfico umbilical. Em nada disso nós apitamos, não mandamos em coisa nenhuma. Muito menos na vontade das outras pessoas. Ok, tem gente que abre mão de ser dona da própria vida e se deixa escravizar por alguém sem escrúpulos, mas essa é outra história.
O ponto aqui é que a nossa própria vontade só vale alguma coisa para nós mesmos. Para o outro, aquilo que nós queremos não tem valor nenhum se de alguma sorte conflitar com o que ele também quer.
Pensemos. Para cada uma de nossas conquistas há filas de caminhões carregados de derrotas na frente, congestionando o caminho. Cada “sim” recebido é uma joia em meio a tanto “não” esperando nosso desapontamento. Convenhamos: saber perder é condição indispensável de toda conquista. Para sempre haveremos de perder muito mais do que ganharemos.
Essa verdade irrefutável só não enlouquece ou desvirtua aqueles de nós que aprendem a aceitar e compreendem o que não era para ser, que é melhor largar mão e seguir adiante. Está aí uma das únicas vantagens que nós, os seres humanos, levamos sobre todo o restante do reino animal – essa velha e démodé capacidade de racionalizar. Coisa da qual, por estúpido que pareça, muitos de nós abrimos mão em nome de uma sanha egoísta, mal resolvida, birrenta, cruel e tacanha. É…
Passou da hora de tirar o cavalo da chuva e aceitar o óbvio: o que há de ser será com ou sem a nossa vontade. Saber o tempo de desistir é um gesto tão nobre quanto perseverar. Tem hora em que é preciso largar mão, deixar pra lá, buscar mais o que fazer, tirar o time. Essas coisas duras que a gente só começa a aprender na vida mil e uma frustrações depois.
Imagem de capa: Shutterstock/YAKOBCHUK VIACHESLAV
TEXTO ORIGINAL DE CONTIOUTRA
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