Por Nicolle Oliveira
Contos de fadas, príncipes e um felizes para sempre. Alguns séculos depois e cá estamos nós — principalmente as mulheres — esperando conhecer o famoso “amor da minha vida”.
Não é raro encontrar gente que se conheceu há minutos e já tem a expectativa de um relacionamento. Isso não seria colocar a carruagem na frente das abóboras?! É fato que o ser humano precisa de algo para seguir em frente, algum motivo para sua existência. O que preocupa é pôr tanto peso em algo que pode ser apenas uma convenção social.
Há quem se flagele por não ter encontrado sua metade da laranja, quem supõe ser uma pessoa má e fique pensando no que fez de errado na vida para não ter o direito de ser feliz. Me parece que o amor é nobre demais para causar isso nas pessoas.
Sei lá, e se de repente a gente tiver preguiça do príncipe encantado e da princesa. Se não quisermos apostar que aquela pessoa interessante é a nossa cara metade. Se eu gostar mais de mim do que dos outros. Se a nossa prioridade for o trabalho e não um relacionamento. Se não estivermos preocupados com nossa idade e nem com nada do que nos ensinaram sobre o amor?
Pensando nos casais que conhecemos, de namorados aos mais velhos, alguns, pelo menos agora, são a coisa mais linda do mundo. Mas parece que a maioria deles é “daquele jeito” — traições, falta de confiança, discussões, mentiras e brigas. Estranho, os contos de fadas não colocaram nenhuma observação no rodapé sobre isso. Olhando para os casais que vivem brigando fico me perguntando se é para isso que as pessoas casam? Sabemos que nenhum relacionamento é um mar de rosas, mas por que conviver com alguém que não te instiga a ser uma pessoa melhor a cada dia?
Será que depois de um tempo o amor não se transforma em comodismo? Você está há tanto tempo com a pessoa que o relacionamento já não é mais questão de “amparo, afeto, carinho e amor” é literalmente hábito. Quem nunca ouviu “é que nós estamos juntos há tanto tempo.” Como se fosse justificativa para procrastinar algo que já acabou.
E sobre a metade da laranja, seria verdade? Quando nós estávamos no ensino médio tínhamos aquele amor platônico, que não durou muito. Aí nós crescemos mais um pouco e achamos ter encontrado o amor da vida, que íamos casar, ter filhos, cachorro e papagaio. Mas espera um pouco, não deu certo, né?! Restart! E você conheceu mais uma pessoa, no começo foi legal e depois não. E você conheceu mais uma, mais uma e assim já se foram várias. Com algumas você ficou anos, outras meses, e muitas alguns dias. Nenhuma delas era a sua cara metade, mas pode ter sido a companhia ideal no momento ideal. Para ser bom tem que ser pra sempre? Acredito que não.
Com o tempo as coisas também vão ficando mais complicadas. Quando somos adolescentes não precisa de muito para nos conquistar (talvez seja essa ingenuidade uma das faces mais bonitas da juventude). Após uma certa idade o relacionamento é um item de status e sinônimo de sucesso. Logo, é necessário bem mais que um rostinho bonito, um belo papo e um corpo fit. É preciso mais e nesse mais as pessoas acabam idealizando coisas, como num fast food. Me veja, por favor, uma pessoa bonita, bem-sucedida, engraçada e inteligente. Mas tudo bem se ela não for assim, eu vou fazer de conta que é! E welcome ao não viveram felizes para sempre.
Não devemos duvidar do amor à primeira vista, nem do amor verdadeiro, mas desconfiar de tudo que é moldado, pré-fabricado ou imposto. Será que irá acontecer exatamente a mesma coisa com todo mundo?
O viveram felizes para sempre, a obrigação de casar, constituir família, são coisas do século passado. Mesmo assim a maioria das pessoas ainda têm essa necessidade de buscar o grande amor e ficam frustradas ao não encontrá-lo. Um sentimento afoito de querer seguir o script dos contos de fadas. Muita gente pensa tanto nisso que acaba esquecendo de si, do valor que tem, do prazer da sua própria companhia.
O que nos resta é entender que se o amor acontecer será bobagem ignorá-lo. Se não aparecer, a vida não deve acabar. Que não tem problema em acreditarmos que será para sempre, e se acabar pelo meio do caminho tá tudo certo. Todo mundo já nasceu inteiro, é tolice ficar dependendo da metade da laranja para ser feliz. Ninguém é menos por estar desacompanhado, ninguém merece ser infeliz por estar só. O amor não foi feito para ser idealizado e a nossa felicidade depende apenas da maneira como vemos o mundo a nossa volta.
TEXTO ORIGINAL DE OBVIOUS
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