Em oposição ao senso comum, a educação sexual não é apenas falar de sexo. É muito mais do que isso. Ela serve para o autoconhecimento sobre o corpo e o aprimoramento da autoestima. E, sobretudo, ensina às crianças e adolescentes a prevenção contra os abusos.
Sabemos da resistência de certos pais em tratar o tema com seus filhos. Não é por acaso, que as pesquisas indicam que 70% dos casos de abusos são cometidos por alguém da família. O que pode ser “naturalizado” pelas crianças e adolescentes. Por isso, que a educação sexual é um dever dos pais ou responsáveis, da escola e do estado.
Aliás, é preciso desconstruir a ideia de que a educação sexual é induzir a fazer sexo. Pelo contrário: é educar de maneira responsável e emancipatória referente ao corpo humano, e partir de determinada idade é importante abordar a questão da sexualidade.
Para uma criança não se deve discorrer sobre o ato sexual, mas falar do cuidado, da higiene e dos limites do corpo. E com os adolescentes pode se conversar acerca da gravidez, ISTs, HIV/AIDS e estupro, já que é uma fase instável entre a vida infantil e a adulta, todavia cheia de descobertas e de novas maneiras de se conectar com o mundo.
Entretanto, ensinar a temática da sexualidade exige uma educação teórica e científica, com uma linguagem acessível, desapegada de preconceitos e ideologismos, que oportunize serenidade aos pais e professores para debater o assunto junto às crianças e adolescentes.
Nesse sentido, é um dever do Estado criar políticas públicas que viabilizem a promoção da educação sexual na família e na escola, ouvindo a opinião dos pais e professores, que são os agentes na construção da sexualidade saudável.
Não temos dúvidas, de que a sexualidade é profundamente investigada nas obras de Freud, nas quais analisa todas as fases do desenvolvimento psicossexual da criança. Ele fez a diferenciação científica entre sexo e sexualidade: estrutura biológica, afetiva e psíquica dos seres humanos.
Por conseguinte, Freud entendeu que a educação vai além do esclarecimento sexual das crianças, da satisfação de suas dúvidas e suas curiosidades. Ela é também o aprendizado dos adultos sobre a sexualidade e sobre a necessidade das crianças de saber sobre o assunto, saber sobre si mesmo e sobre suas transformações físicas e psíquicas.
Assim, a abordagem freudiana da sexualidade se mostra a melhor maneira de falar do tema, que contribui com a ação pedagógica da educação sexual na escola, uma vez que as crianças e adolescentes passam a maior parte da vida no ambiente escolar, experienciando os seus conflitos, a sua corporeidade e a sua subjetividade.
Contudo, a educação sexual com o viés teórico e científico necessita percorrer um processo educativo-afirmativo, através de uma reeducação dentro da família e da escola, que esteja fora dos padrões patriarcais ou autoritários.
Com isso se reafirma a relevância da família e da escola na formação de princípios e valores em relação à sexualidade. Apesar disso, ambas devem se empoderar do conhecimento e do vocabulário correto, a fim exercer uma educação sexual responsável e emancipatória.
Portanto, a educação sexual deve formar indivíduos conscientes, que lidam de modo equilibrado com qualquer manifestação da sexualidade, mantendo o respeito pelo outro e por si mesmo. Afinal, a educação sexual não termina na infância e na adolescência, visto que adultos e idosos continuam aprendendo sobre sexo e sexualidade, que são partes da personalidade de cada um, ou seja, um aspecto humano que não pode ser separado da vida.
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