A Organização Mundial da Saúde (2002) define violência como o uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si mesmo outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha uma alta probabilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação. Além disso, apresenta uma tipologia da violência através do gráfico abaixo:
Figura 1. Adaptada de OMS (2002)
A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará – ONU) considerou como violência contra a mulher “todo ato baseado no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública, quanto privada”.
Sabe-se que a violência praticada contra as mulheres ocorre principalmente no âmbito familiar e que tais ocorrências são decorrentes da dominação masculina que está instalada como resultado de séculos de machismo e submissão da fêmea aos desejos dos machos.
Justifica-se a violência e a agressividade masculina por ser resultado da própria evolução que selecionou os machos alfas mas agressivos, que por serem dominantes transmitiram seus genes aos filhos e assim sucessivamente.
A partir de um rápido olhar na história da humanidade identifica-se a violência praticada contra as mulheres que sempre foram escravizadas, exploradas, estupradas e consequentemente submetidas a todos os abusos. E as que tentaram a liberdade foram mortas, humilhadas ou massacradas para servir de exemplo e coibir qualquer tentativa das futuras gerações quanto ao desejo de viver por si mesmas.
O resultado de séculos de agressão foi a criação de uma mentalidade submissa que levou Simone de Beauvoir a dizer que “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, ou seja, a fêmea é moldada pela cultura hegemônica que a transforma ao longo da vida na mulher submissa que cria o filho homem para ser machista e as filhas mulheres para serem esposas submissas.
Alguns pensamentos e comportamentos comuns emitidos por mulheres que foram criados pela violência de gênero:
– Ser mãe é o maior sonho de minha vida;
– O dia mais feliz de minha vida foi o do meu casamento;
– Trocar o nome ao casar e passar a usar o nome do marido como marca de propriedade;
– O casamento como meta de vida;
– Achar que ser chamada de gostosa na rua é um elogio;
– Ser boa esposa e manter a casa limpa e arrumada;
A lista seria quase infinita;
Conscientizar-se das consequências da violência de gênero e assumir um papel de protagonista para mudar a realidade estampada e explícita na sociedade é dever de todos.
Você sabia que 70% dos três bilhões de pessoas vivendo em extrema pobreza no mundo são mulheres? Que a cada 15 segundos uma mulher é espancada no Brasil? Que uma em cada três mulheres no mundo foram espacandas ou violentadas sexualmente? Que a venda de mulheres é um dos negócios mais rentáveis do mundo? Que a noção de honra masculina e castidade feminina colocam as mulheres em situação de risco? (Ministério da Saúde, 2011).
Uma das principais consequências da violência de gênero é “a reação de desistência, a renúncia que resulta da convicção de que não adianta fazer nada” para mudar a situação atual. Esse é o conceito de desamparo aprendido que muitas mulheres desenvolveram em relação a vida (SELIGMAN, 2005).
Faça sua reflexão:
Quais são minhas posturas e comportamentos que contribuem para perpetuar a violência contra as mulheres?
O que posso fazer hoje para minimizar a dominação machista que escraviza e explora as mulheres no mundo?
Pense nisso.
Pense agora
Referências:
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Área Técnica de Saúde da Mulher. Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes: norma técnica (3a ed.)Editora MS, Brasília (2011).
SELIGMAN. Martin E. P. Aprenda a ser otimista. 2ª Ed. Rio de Janeiro, Nova Era. 2005.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. World report on violence and health. Geneva, 2002.
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