Sabe aquela mulher super prática e objetiva que você conhece e até se assusta com a forma com a qual ela percebe o amor? Pois é, pasme-se ela já foi uma romântica inveterada no passado. Exatamente isso, era uma sonhadora com um quê de ingênua. Hoje, ela está irreconhecível, percebe-se. Por muito tempo ela lutou com o próprio ego na tentativa de perdoar-se por tudo de ruim que ela permitiu que fizessem com ela. E ela conseguiu esse “autoperdão”.
Ela conhece muito bem a sensação de olhar o próprio passado e sentir vergonha de suas atitudes nas relações amorosas. A vergonha que ela sentia era de ter acreditado demais em quem não merecia crédito algum, para ser mais específica, ela já sentiu-se uma verdadeira idiota, mas, bom, atire a primeira pedra aquele que nunca sentiu-se assim. Sabe, ela acreditava que, se um homem lhe ofertasse flores era porque ele estava, de fato, muito interessado e não porque queria ludibriá-la, brincando com os sentimentos dela.
Ela era o tipo de mulher que nunca via sentido em fazer joguinhos, para ela, era tudo muito simples: Gostou? Demonstre! Não quer? Não iluda e pronto! Simples assim. A ingenuidade dela não permitia que ela visse o amor como uma arena, onde quem mais pontua é aquele que mais maltrata demonstrando uma indiferença que, muitas vezes, não é real e, sim, premeditada, dolosa,ou seja, com a intenção de machucar.
Ela acreditava em tudo o que ouvia, afinal, por que alguém mentiria para ela, cujas intenções eram as melhores? Ela não via sentido em misturar romance com mentiras e manipulações, enfim, santa ingenuidade, sabe como é moça de interior, né? Hoje é fácil rotular essa mulher de “coração de pedra”, mas ninguém sabe das incontáveis noites em que ela foi deitar-se aos soluços, tendo, às vezes, que sufocar o próprio choro para que ninguém percebesse.
As vozes que hoje referem-se a ela como fria e indiferente não fizeram nenhuma questão de dirigir-lhe uma palavra de consolo sequer, nas vezes em que seu coração foi triturado. Ela não tornou-se assim tão “prática” de uma hora para outra, foi um longo processo.
Foram muitos tropeções, muitos desenganos, muitas desilusões enfim, muito sofrimento envolvido. Ela tinha duas opções: continuar expondo o seu coração aos maus tratos ou reformular a forma como ela percebia os relacionamentos amorosos.
Foi uma questão de sobrevivência emocional, compreende? Ah, calma aí, não seja precipitado(o), ela não é uma mulher amargurada, tampouco ressentida, longe disso. Ela simplesmente aprendeu um novo jeito de compreender os relacionamentos e a vida como um todo. Ela não anda na defensiva, como muitos dizem, ela simplesmente adquiriu uma espécie de imunidade emocional, eu diria, um feeling que já sinaliza para ela aquilo que vale o interesse dela ou não.
Ela já faz isso no automático, na verdade, ela morre de preguiça de gente rasa e aprendeu a perceber o quão previsíveis algumas pessoas são. O radar dela é ótimo, de última geração…atualizadíssimo. Engana-se também quem diz que ela deixou de acreditar no amor, não mesmo. Ela acredita, sim, e tem certeza de que vai encontrar um amor à altura do que ela tem a oferecer. Como poderia uma poetisa desacreditar no amor? Isso seria inconcebível!
No frigir dos ovos, ela acabou por sentir muita gratidão por todos os percalços que viveu, eles a transformaram na mulher que ela gostaria de ser. Sim, as dores nos obrigam a passar por uma metamorfose que poderá ser muito significativa para o nosso processo de amadurecimento. Há beleza em tudo o que vivemos, o que acontece é que, às vezes, as nossas lágrimas embaçam as nossas lentes, daí não a percebemos…mas ela está lá. Gratidão, sempre!
Imagem de capa: Shutterstock/Yuliya Yafimik
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