Por Pedro Liberdade
Albert Einstein, com seu habitual senso de humor e malícia, dizia que “você não entende realmente algo a não ser que seja capaz de explicar para a sua avó”. Seguindo esta acertada frase, parece lógico acreditar que ensinar a pensar para compreender como o nosso mundo funciona seja uma ideia sensata.
Agora gostaria de lançar uma pergunta no ar: Ensinar a pensar realmente nos ensina a sermos mais livres? Não parece que esta pergunta tem uma resposta simples, ou talvez sim. Talvez seja tão óbvia que, por ser tão simples, não somos capazes de aceitá-la. Ou pode ser que seja um assunto excepcionalmente complexo. Vejamos alguns detalhes importantes.
O professor Abilio de Gregorio, licenciado em Ciências da Educação e especializado em Orientação Familiar, afirma que a reflexão precisa ser um ato disciplinado. Nela devem entrar em jogo o pensamento e a intenção de querer pensar.
Para ele, a vontade reflexiva é básica em todo processo educacional, tanto por parte dos educadores como dos próprios alunos. Ou seja, não há transferência de conhecimentos e pedagogia úteis se as matérias não forem adicionadas a uma base de pensamento e interpretação própria.
Isso quer dizer que quando passamos nossos ensinamentos, costumes, tradições e educação aos nossos filhos, precisamos envolver a criança em um manto de pensamento próprio para que ele interprete a informação e torne-a sua, desde o seu próprio ponto de vista e conhecimento.
Uma vez que estabelecemos a importância de ensinar a pensar, devemos confirmar se esta ação realmente é um obstáculo para nos tornarmos mais livres. Por isso torna-se muito necessário saber o que é, com exatidão, a liberdade.
O termo “liberdade” tem duas acepções mais aceitas. Por um lado, seria o direito ou a faculdade das pessoas de escolher de forma responsável sua própria forma de agir em um determinado momento, meio ou sociedade.
Neste sentido, cabem entendimentos como a liberdade religiosa, a liberdade de consciência, a liberdade de opinião, a liberdade de pensamento, etc. Ou seja, é tudo aquilo que os seres humanos podem escolher, sempre através de suas possibilidades e seus direitos.
Outra definição interessante para o termo liberdade seria a condição ou o estado de uma pessoa que é livre, pois não está submetida à vontade dos outros, não está presa sob um regime que causa constrangimento, obrigações, deveres, disciplinas, etc.
Agora chega o momento de responder a ousada pergunta lançada no começo do parágrafo. Ensinar a pensar nos torna mais livres? A resposta, obviamente, é sim. Vamos pensar no motivo.
Se entendemos a liberdade como o direito ou faculdade de uma pessoa para escolher livremente seu modo de agir em determinado momento, é evidente que um indivíduo que pense ou “saiba pensar” terá a inclinação de agir livremente. Assim, terá mais capacidade do que outra pessoa que não faça reflexão alguma, ou que siga os padrões estabelecidos por seu sistema de crenças herdado ou assimilado, por sua falta de conhecimento ou por motivos similares.
Entendo que ensinar a pensar é uma parte muito importante da educação de qualquer pessoa. Não serve apenas saber que algo está acontecendo; é até mesmo mais importante saber o motivo, como, quando, etc. Tudo isso só é possível através do ensinamento do pensamento, para que cada indivíduo possa desenvolver seu próprio raciocínio, interpretação e modelo de compreensão.
Sendo assim, na hora de tomar uma decisão, a pessoa que vai se sentir mais livre é aquela que, ao exercer o pensamento, vai poder estudar um maior número de variáveis que forem apresentadas a ela.
Por outro lado, um indivíduo que se move por instinto, pelos ensinamentos da sociedade, por uma educação limitada a mostrar o que acontece ou pelo simples fato de indicar que o que deve ser feito é o que os demais fazem, não terá tanta liberdade na hora de escolher, pois suas opções são reduzidas por conta de sua falta de capacidade.
Imagem de capa: Shutterstock/Kaikoro
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