Ao longo da história surgiram estudos psicológicos e filosóficos que aprofundaram o tema do “ego” e a sua relação com o mal, identificando que o ego doente cresce e se nutre através do orgulho, o que chamamos de indivíduo ególatra, que age de modo rasteiro e traiçoeiro.
É importante diferenciar, que o ego doente deseja ser o centro das atenções, já o narcisista necessita de aprovação e se afeta com a opinião dos outros, mas o ególatra não está nem aí sobre o que dizem e pensam dele, ou seja, que se dane o mundo.
Todo o ser humano a partir de sua infância molda o seu ego, que pode ser doente ou saudável. No entanto, o ego doente tem enormes dificuldades de ouvir e aceitar a verdade, pois ele não abre mão de que as coisas não sejam feitas do seu jeito.
A vaidade do ególatra é repleta de disfarces, que esconde a sua ganância, raiva e vingança. É por esse motivo, que não hesita em humilhar quem atrapalha o seu caminho, uma vez que ele precisa estar em evidência e destacar tudo aquilo que o diferencia dos demais: os seus bens, o seu clã e a sua religião.
Aliás, o ególatra se veste com uma aparência de honradez para ganhar adeptos, mas o que ele deseja são vantagens para se vangloriar. Se olharmos para o atual contexto sociopolítico existe gente que se expõe
ostensivamente à espera de bajulações e no poder não vacila em praticar maldades.
O reino do ego doente tem a obsessão por marcar distâncias entre estados e países, porque se coloca como o dono da verdade. Ele também reproduz essa demarcação na família, no trabalho e nas redes sociais a fim de manter o seu status quo, posto que “o egoísmo unifica os insignificantes” como dizia William Shakespeare.
Esse ego é o mesmo de uma criança mimada, que possui baixa tolerância à frustração, se comporta mal e fala palavrões, contudo, desperdiça recursos financeiros e humanos, que estão à sua disposição, colocando os seus pais em uma situação constrangedora.
Por outro lado, existe o ego saudável que canaliza a sua inteligência criativa para melhorar a nossa vida cotidiana e social. A pessoa de ego saudável tem atitudes generosas e assertivas, que alegra-se com o nosso sucesso e traz o firme propósito que estejamos bem e que os outros sejam felizes.
Assim, o ego saudável nos leva ao Eros, que preserva a vida, promove a justiça e respeita a diferença do outro, porém, o ego doente estimula o Thanatos e a sua ruminação de pensamentos negativos e de atitudes destrutivas.
Portanto, o ego se constitui um elemento biológico e primitivo de nossa psique, atuando no inconsciente, onde ficam reprimidos e guardados os traumas e os desejos que deixamos escapar, sempre que motivados pelos eventos que marcaram a nossa vida passada.
Afinal, o ego saudável nos permite equilibrar a relação entre o princípio do prazer e o princípio da realidade, com a tarefa de não deixar que o ego doente controle a nossa vida. É como afirmou Carl Jung: “O ego é dotado de um poder, de uma força criativa, conquista tardia da humanidade, a que chamamos vontade.”
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