Uma pesquisa realizada por psicólogos da Universidade de Stony Brook, em Nova York, EUA, revelou que uma “conexão terapêutica” entre pacientes e o chatbot de terapia cognitivo-comportamental Wysa pode se desenvolver em apenas cinco dias.
O estudo, que contou com a colaboração do Instituto Nacional de Saúde Mental e Neurociências na Índia e do próprio Wysa, destacou que os usuários passaram a sentir que o bot gostava e respeitava-os.
No entanto, o Wysa não é a única alternativa buscada pelos pacientes para assistência psicológica baseada em IA (Inteligência Artificial). O character.ai é outro exemplo, um modelo de linguagem neural capaz de se passar por qualquer pessoa, real ou fictícia, inclusive pelo psicólogo do paciente.
Desenvolvido pelo estudante de medicina Sam Zaia, de 30 anos, o character.ai aprendeu os princípios do curso de psicologia de Zaia e foi inicialmente criado para uso pessoal. Os usuários consideram a IA gratuita e convincente, com recursos que permitem salvar transcrições de conversas úteis e sempre disponível para atendimento.
Especialistas veem com entusiasmo o potencial da inteligência artificial para suprir a carência de profissionais de saúde mental. Ross Harper, CEO da AI Limbic, afirmou ao The Guardian que “a demanda por tratamento de saúde mental supera em muito o número de profissionais disponíveis”.
Acredita-se que a IA possa atrair pessoas que evitam a terapia devido ao estigma, incluindo minorias étnicas e idosos. Um estudo publicado na revista Nature Medicine constatou que o assistente de auto-referência da IA da Limbic aumentou em 29% as indicações para tratamento de saúde mental pessoal do NHS, o sistema de saúde britânico, entre pessoas de minorias étnicas.
Contudo, ainda não há estudos comparativos sobre a eficácia da terapia tradicional em comparação com a realizada por chatbots, que ocasionalmente podem não responder de maneira adequada. Por exemplo, a pesquisadora Estelle Smith testou o aplicativo Woebot e, ao mencionar o desejo de subir em um penhasco, recebeu como resposta: “É ótimo que você esteja cuidando de sua saúde mental e física”.
Além disso, há preocupações com a privacidade dos dados dos usuários, já que esses aplicativos podem coletar e monetizar informações pessoais. Sam Zaia expressou sua preocupação: “Estou obviamente preocupado com questões de privacidade de dados. Um psicólogo tem obrigações legais específicas, o que não se aplica aos chatbots”.
***
Destaques Psicologias do Brasil, com informações da Isto É.