Muitos namorados e casais têm questionado os seus psicoterapeutas sobre a energia da química do amor, em nossa sociedade marcada pelo amor líquido, conceito do sociólogo Zygmunt Bauman que afirma: “As nossas relações tornam-se cada vez mais flexíveis, gerando níveis de insegurança sempre maiores”.
Podemos dizer que o termo adequado é a química do encontro, pois o amor é um processo elaborado que necessita de maturação e conhecimento para formular a porção exata da química do amor. Porém, o avesso da química do encontro e do amor, é o amor líquido, que se evapora, visto que não possui afeto, compromisso e continuidade.
A química é a ciência que estuda a composição, estrutura, propriedades da matéria, as mudanças sofridas por ela durante as reações químicas e sua relação com a energia. Portanto, estamos fazendo uma analogia quando se trata da química do encontro e, por conseguinte, o casal, inevitavelmente, se questiona antes do encontro e pergunta um ao outro: E se entre nós não ocorrer química? E se houver química o que vamos fazer?
E se não ocorrer química no encontro vamos refletir o que disse sobre isso, o escritor Caio Fernando de Abreu: “Às vezes é necessário excluir pessoas, apagar lembranças, jogar fora o que machuca abandonar o que nos faz mal, se libertar de coisas que nos prendem. Espere sempre o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier. Ouse, arrisque, não desista jamais e saiba valorizar quem te ama, esses sim merecem seu respeito. Quanto ao resto, bom, ninguém precisou de resto para ser feliz.”
Entretanto, se existir a química no encontro transcorreu o que disse o psicanalista C.G. Jung: “O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contato de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre, ambos sofrem uma transformação”. O que o casal pode fazer depois disso, é dar espaço a química do amor que não espera nada em troca e ainda ativa as substâncias químicas presentes no corpo, entre elas a adrenalina, que causa aceleração no coração e excitação, e a dopamina que produz o sentimento de felicidade.
Apesar disso, é preciso ter consciência que não existe sorte e nem mágica na química do amor, mas sim o cuidado necessário – para manter acesa essa energia vital – de forma duradoura, negando as tentações e armadilhas do amor líquido, em tempos de vazio existencial.
O psicanalista Erich Fromm em seu livro “Arte de Amar” define, com maestria, a química do amor, como sendo o amor erótico: “Que é o anseio da fusão completa, de uma união com a outra pessoa. É, por sua própria natureza, exclusiva e não universal”. Ademais Fromm alerta, que talvez, a mais enganosa forma de amor que existe.
E por fim, conclui o autor: “Que o estranho se tornou a pessoa intimamente conhecida, não há mais barreiras a superar, não há mais proximidade súbita a ser realizada. Ainda assim, o milagre é superar as barreiras que podem ocorrer de novo a cada dia”.
Imagem de capa: Shutterstock/Kitja Kitja
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