Para criarmos e fortalecermos os vínculos com as pessoas que estão ao nosso redor é fundamental que exista o diálogo. Afinal, é a partir da conversa que é possível haver troca, que se descobre as coincidências, os gostos, desgostos, e criam-se as conexões.
No entanto, na hora de falarmos com nossos parceiros afetivos sobre a relação, parece que a conversa ganha um outro tom, e rapidamente nos sentimos intimidados e confrontados.
Mas por que será que a discussão de relação é vista como o momento da briga anunciada? E será que realmente precisa ser assim?
Segundo Oswaldo M. Rodrigues Jr. psicólogo especialista em relacionamento do InPaSex Instituto Paulista de Sexualidade, muitas pessoas se casam ou entram em relações sem conversarem sobre as necessidades dos envolvidos. “Em nossa sociedade não somos ensinados a expressar nossos desejos e necessidades. Não aprendemos a conversar, questionar e a expressarmos o que pensamos e sentimos de forma saudável e construtiva”, pontua.
Como consequência disso, torna-se comum omitir do parceiro (a) os sentimentos e inquietudes. Mas vale lembrar que não é porque omitimos algo que essa necessidade deixa de existir. E de tanto sufocar os sentimentos, quando chega a hora de falar sobre eles, é comum agir sem pensar, dizer as coisas sem medir as palavras e gerar um conflito na relação.
Também há quem ao menor sinal de desconforto já diga logo que não gostou de determinado comportamento do parceiro (a). O problema é que, assim como quem guarda demais, quem tem pavio curto não costuma escolher as melhores palavras para conversar.
O psicólogo Oswaldo explica que somos acostumados a ver as discussões de forma negativa mas acredita que esse pensamento precisa ser ressignificado. ?Se não existe discussão entre um casal, pode ser sinal de que algum dos dois esteja se anulando e abaixando demais a cabeça. Isso nunca será útil para o futuro da relação?, fala o especialista. De acordo com ele, com um desentendimento os dois passam por momentos de reflexão e isso é o que faz a relação crescer e se fortalecer.
Claro que ambos precisam compreender que o debate não é uma competição para ver quem ganha. Esse provavelmente seja um dos pontos mais sensíveis na convivência a dois. Isso porque muitas vezes, quando os casais expõe os sentimentos, esquecem-se que estão diante de alguém que amam. Como se todas as conexões do casal ficassem em segundo plano e dessem lugar à raiva e a insatisfação.
Para Oswaldo, um dos motivos que leva os casais a se verem como inimigos em um momento de discordância é por não pensarem sobre as expectativas de cada um quando entram numa relação. “É preciso expor ao parceiro (a) o que se espera da relação. Na maioria das vezes, as pessoas entram em um relacionamento achando que o outro tem simplesmente a obrigação de satisfazer suas necessidades, mas sem comunicação clara, não tem como isso acontecer”, explica o especialista.
Para que haja a comunicação com o outro é preciso que cada um olhe para dentro de si e avalie o que espera daquela parceria. Fazer um auto questionamento sobre a carga emocional depositada que tem sido depositada na outra pessoa.
Fazer uma reflexão honesta e profunda sobre os próprios anseios e expectativas pode ajudar a organizar os pensamentos e contribui para não perder a cabeça no momento em que o casal precisar conversar sobre a relação.
Imagem de capa: Shutterstock/FCSCAFEINE
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