De acordo com a teoria freudiana sobre o comportamento humano, ele é estimulado por dois instintos: os instintos de vida (Eros) e os instintos de morte (Tanatos). Os instintos de vida são os que se conectam a necessidade básica para a sobrevivência, reprodução e prazer, já os instintos de morte têm o desejo inconsciente de destrutividade.
Porém, as manifestações de morte e as condutas autodestrutivas são bloqueadas pelos instintos de vida. O sadismo e o masoquismo fazem parte do amplo espectro dos instintos de morte. O primeiro é a busca da dor de outrem, motivada por prazer pessoal e o segundo é a satisfação da própria dor.
Esses dois fenômenos são indissociáveis e não necessariamente estão ligados às perversões sexuais, mas a dominação e o desejo de sofrimento. No sadismo é preciso ter a posse da vítima para dominá-la, por meio da culpa. E no masoquismo existe o “apetite” pelas dores físicas e psíquicas, que corrompem a vida.
No plano prático, o sádico depende muito da pessoa submissa, uma não consegue viver sem a outra. O sádico abusa e humilha e o masoquista gosta de ser mandado e oprimido. Para o psicanalista Erich Fromm, o sádico e o masoquista são criaturas medrosas, que escondem uma absoluta falta de segurança psicológica.
Os instintos sádicos e masoquistas se nutrem da fraqueza humana, buscando “vampirizar” as pessoas e as comunidades. Os líderes que incitam tais impulsos trocam o bem de todos pelo fanatismo das disputas políticas, econômicas e religiosas, onde há o “deleite” em destruir os adversários, como sendo um dever cívico.
É importante lembrar que o fascismo, o nazismo e o stalinismo, com suas entranhas sádicas e masoquistas, destruíram os países adversários e submeteu os seus povos a subjugação. Esses instintos de morte se sucederam na escravidão dos negros, dos nativos e na exploração dos trabalhadores, durante o longo período de colonização da África, da Ásia e das Américas.
Além disso, os instintos sádicos e masoquistas são lobos devoradores e perversos, mas que se vestem de peles de cordeiros para adentrar nas relações entres casais, familiares e de trabalho. Esses instintos também estão na lógica das drogas, da prostituição e da pornografia, que dilaceraram a mente, o corpo e alma das suas vítimas.
No entanto, os instintos de vida são majestosos e se multiplicam na compaixão entre as pessoas e instituições, como a expressão sadia de luta contra a devoção doentia as ideologias tanáticas. Assim, é possível expandir a solidariedade e a cooperação em todos os setores sociais e dentro dos Poderes Públicos.
Portanto, as pessoas decentes não usam os arremessos sádicos e masoquistas para derrotar os outros, mas constroem o caminho do bem comum, que não produz vencedores e vencidos. Caminhos que foram ensinados pelos profetas do judaísmo, do cristianismo e do budismo, uma vez que nenhum deles glorificou a própria dor ou alheia, mas souberam superá-las com dignidade.
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