Dificuldades de ler, soletrar ou até mesmo identificar as palavras mais simples, falta de atenção ou má alfabetização, podem ser sintomas de dislexia.
Antigamente, era relacionada ao sistema visual, a qual seria responsável pela inversão de letras, contudo, mais tarde, foi possível identificar este mito, pois as crianças disléxicas não lêem de trás para frente, sua dificuldade está no sistema linguístico.
A dislexia não é doença, é um distúrbio genético e neurobiológico de funcionamento do cérebro para todo processamento linguístico relacionado à leitura, ocorrendo falhas nas conexões cerebrais. Dessa forma, a pessoa disléxica tem dificuldade para associar o grafema (símbolos, letras) ao fonema (sons que elas representam) e não consegue organizá-los mentalmente numa sequencia coerente. A leitura oral é caracterizada por omissões, distorções e substituições de palavras, além de uma leitura lenta e silábica. A compreensão da leitura também é afetada.
Destacam-se nessas crianças, o pensamento, compreensão e a razão, habilidades intelectuais que não são atingidas pela dislexia. Isso produz um paradoxo: dificuldades persistentes experimentadas por pessoas muito inteligentes ao aprender a ler. A criança pode se destacar em determinadas áreas, como esportiva, artística e musical, levando em conta que o problema está na linguagem expressiva e não no pensamento. Portanto, a criança sabe exatamente o que quer dizer, a dificuldade está em buscar a palavra certa.
O tratamento é realizado por meio de exercícios de assimilação de fonemas, desenvolvimento de vocabulário e acompanhamento de psicólogo e fonoaudiólogo. Estudos sugerem que se tratada ainda cedo na vida escolar, uma criança pode corrigir as falhas nas conexões cerebrais a ponto de elas quase desaparecerem.
A identificação precoce é importante, porque o cérebro é muito mais plástico nas crianças pequenas e potencialmente mais maleável para um redirecionamento dos circuitos neurais. Além disso, quando uma criança é deixada para trás, ela terá de recuperar milhares de palavras não lidas para alcançar seus colegas que continuam à frente. Igualmente importante é que, uma vez estabelecido um padrão de falha na leitura, muitas crianças sentem-se derrotadas, perdem o interesse pela leitura e desenvolve algo que frequentemente evolui para uma perda de sua autoestima, situações de isolamento, ansiedade, insegurança, timidez excessiva, medo de se expor e até mesmo uma aversão à escola, gerando efeitos negativos na personalidade caso não ocorra um acompanhamento adequado. Contudo, com a identificação precoce, possibilitará as implicações emocionais quase inexistentes.
É importante ressaltar que não se fala em ‘cura’ em relação à dislexia, mas muito pode ser feito. Com o apoio e o ensino adequados, muitas das dificuldades serão contornadas, e outras se tornarem menores, embora não desapareçam totalmente podem se tornar leitores competentes. Uma vez que haja entendimentos e compreensão da dislexia, os sintomas e tratamentos passam a ter um sentido diferente.
Devemos ter claro que a leitura não se dá naturalmente em todas as crianças, para as crianças disléxicas […] a leitura, que parece ser algo que as outras crianças atingem sem esforço nenhum, é algo além do seu alcance […] Frustram-se e desapontam-se. Abrangendo todo contexto familiar […] (SHAYWITZ, 2006 p. 19).
Um dos primeiros sinais indicativos da dislexia pode ser descoberto através dos familiares observando alguns sinais. O primeiro sinal indicativo da dislexia pode ser um atraso na fala.
Como regra geral, as crianças dizem suas primeiras palavras por volta de 1 ano e as primeiras frases por volta de 1 ano e 6 meses a 2 anos. As crianças vulneráveis à dislexia talvez não comecem a pronunciar as primeiras palavras antes de cerca de 1 ano e 3 meses de vida e talvez não pronunciem frases antes de completar 2 anos. (SHAYWITZ, 2006, p. 83).
Quando a criança começa a falar, e continuam as dificuldades na pronúncia além do tempo normal, podem ser características de outro sinal precoce. Por volta dos 5 ou 6 anos, a criança deve ter poucos problemas para pronunciar a maioria das palavras corretamente.
As crianças com dislexia costumam apontar ao invés de falar e podem frustrar-se com o fato de não conseguirem dizer a palavra que têm em mente. Pode manifestar sintomas como dores abdominais, de cabeça ou transtornos de comportamento, pelo esforço de lutar contra as dificuldades. Em geral, ela é considerada desatenta, preguiçosa, sem vontade de aprender, o que cria uma situação emocional que tende a se agravar, especialmente em função da injustiça que possa vir a sofrer.
Entretanto, reagirá a elogios e encorajamentos como qualquer outra criança. Sendo importante o reconhecimento das suas dificuldades e um acompanhamento adequado, os quais permitirão que a criança acompanhe a classe, sem prejuízo do seu rendimento e evitarão prejudicar seu desenvolvimento emocional.
Aos pais ou responsáveis:
Sempre que possível, procure ajuda especializada.
“O maior obstáculo que impede uma criança disléxica de explicar seu potencial e de perseguir seus sonhos é a ampla ignorância sobre a verdadeira natureza da dislexia”. SHAYWITZ (2006 p. 78).
Referência:
SHAYWITZ, S. Entendendo a Dislexia. Um novo e completo programa para todos os níveis de problemas de leitura. Porto Alegre: Artmed, 2006.
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